José Bernardo da Silva e Rodrigo Celestino foram assassinados na noite deste sábado (08) por volta das 19h. Os dois eram militantes do Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores Sem Terra (MST) da Paraíba e estavam no acampamento Dom José Maria Pires, localizado no município de Alhandra, quando um grupo de 4 homens armados entraram na área e atiraram neles enquanto jantavam.
O acampamento Dom José Maria Pires, antiga Fazenda Garapu, pertence ao Grupo Santa Tereza e completou um ano de resistência em julho deste ano. “Vamos comparecer ao velório e fazer um ato político”, disse a deputada estadual eleita, Cida Ramos, através de nota.
O MST da Paraíba também se posicionou através de nota dizendo: “ Exigimos justiça com a punição dos culpados e acreditamos que lutar não é crime”.
https://www.facebook.com/gleisi.hoffmann/videos/2018084968285486/
NOTA DO MST
“O que seria deste mundo sem militantes? Como seria a condição humana se não houvesse militantes? Não porque os militantes sejam perfeitos, porque tenham sempre a razão, porque sejam super-homens e não se equivoquem. Não é isso. É que os militantes não vêm para buscar o seu, vem entregar a alma por um punhado de sonhos’. (Ex-presidente Uruguaio, Pepe Mujica)
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST-PB) perde nesta noite de sábado (08) por volta das 19:30 dois militantes: José Bernardo da Silva, conhecido por Orlando e Rodrigo Celestino. Foram brutalmente assassinados por capangas encapuzados e fortemente armados. Isso demonstra a atual repressão contra os movimentos populares e suas lideranças. O ataque aconteceu no Acampamento Dom José Maria Pires, no município de Alhandra na Paraíba. Área da Fazenda Garapu, pertencente ao Grupo Santa Tereza, ocupada pelas famílias em julho de 2017.
Exigimos justiça com a punição dos culpados e acreditamos que lutar não é CRIME. Nestes tempos de angústia e de dúvidas sobre o futuro do Brasil, não podemos deixar os que detém o poder político e econômico traçar o nosso destino. Portanto, continuamos reafirmando a luta em defesa da terra como central para garantir dignidade aos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade.
Justamente dois dia antes das comemorações do Dia Internacional dos Direitos Humanos, 10 de dezembro, são assassinados de forma brutal dois trabalhadores Sem Terra. Neste sentido, convocamos a militância, amigos e amigas, aos que defendem os trabalhadores e trabalhadoras, denunciar a atual repressão e os assassinatos em decorrências de conflitos no campo.
Solidariedade à família de Orlando e Rodrigo.
Direção do MST – PB
NOTA DO PT NA CÂMARA
Em nome da Bancada do PT na Câmara dos Deputados, diante do assassinato bárbaro de José Bernardo “Orlando” da Silva e Rodrigo Celestino, ocorrido neste sábado (8) no acampamento Dom José Maria Pires, em Alhandra (PB), registro meu pesar e manifesto minha solidariedade com os familiares dos companheiros e com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Trata-se de mais um crime político cometido contra integrantes de um movimento que luta por terra, trabalho e dignidade e que, portanto, atua para construir um Brasil com mais justiça social e menos desigualdade. A indignação é ainda maior porque esse crime ocorreu exatamente no dia do Encontro Anual dos Amigos do MST, realizado na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema (SP), com mais de 600 pessoas que reafirmaram a importância da resistência e da luta em defesa da democracia.
As autoridades competentes têm a obrigação de investigar e encontrar os responsáveis por este crime, mais um que entra para a triste estatística de violência contra militantes da luta agrária. Nesse contexto, o relatório “Conflitos no campo”, publicado anualmente pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), aponta que, desde 1985 – quando teve início o levantamento – até 2017, 1.904 pessoas ligadas às lutas no campo foram assassinadas, o que resulta numa média de 58 mortes a cada ano, mais de uma por semana. Do total de casos registrados, apenas 113 foram julgados, dado que comprova a impunidade desse tipo de crime.
Vale lembrar que a luta no campo é abraçada, inclusive, pelo Papa Francisco, que deixou isso claro ao manifestar a ideia de “nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos”, em outubro de 2014.
Reiteramos o nosso apoio aos movimentos camponeses e denunciaremos na tribuna do Parlamento e em todos os meios possíveis os crimes contra estes atores políticos que são fundamentais para alcançarmos um Brasil plenamente democrático em todas as dimensões da vida em sociedade.
Brasília, DF, 9 de dezembro de 2018.
Dep. Paulo Pimenta (PT-RS)
Líder do PT na Câmara dos Deputados
NOTA DA PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICA
A Procuradoria Geral da República (PGR), a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) e a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão na Paraíba (PRDC/PB), órgãos do Ministério Público Federal, vêm a público manifestar solidariedade às famílias de José Bernardo da Silva, conhecido como Orlando Bernardo, e Rodrigo Celestino, brutalmente assassinados na noite do sábado, 8 de dezembro de 2018. As duas vítimas eram militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Paraíba e foram mortos no Acampamento Dom José Maria Pires, localizado no município de Alhandra, na região sul do estado.
Orlando era irmão do coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens na Paraíba (MAB/PB), Osvaldo Bernardo, que também integra a coordenação nacional do MAB. Desde o início da década, o Ministério Público Federal, através da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, atua em defesa dos direitos humanos das pessoas atingidas pela construção da barragem de Acauã, construída no final dos anos 90, no Agreste paraibano.
Orlando é o segundo irmão de Osvaldo Bernardo a ser morto por execução. O primeiro, Odilon Bernardo da Silva Filho, que também integrava a coordenação do MAB de Acauã, foi assassinado em 2009, aos 33 anos, numa emboscada, à noite, quando voltava para sua residência, depois de um encontro com amigos e militantes do MAB.
Após a morte de Odilon, Osvaldo entrou para o programa de proteção aos defensores dos direitos humanos. Agora, a dois dias da comemoração dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), mais um irmão de Osvaldo é assassinado, fato que preocupa diante do contexto sombrio de violência contra os movimentos sociais e demonstra quão distante ainda estamos da efetivação dos direitos garantidos pela Declaração.
Diante desse quadro, a PGR, a PFDC e a PRDC/PB reiteram o compromisso com a proteção dos direitos humanos dos assentados e envidarão todos os esforços perante os órgãos de investigação para que a autoria do duplo assassinato seja esclarecida e os responsáveis punidos conforme a lei.
Raquel Dodge
Procuradora-Geral da República
Deborah Duprat
Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão
José Godoy
Procurador Regional dos Direitos do Cidadão
* Com Agência PT, Brasil de Fato e PT na Câmara.