Em um esquina da Vila Madalena, bairro boêmio da zona oeste paulistana, um desavisado poderia imaginar que havia uma festa concorrida, porque a quantidade de gente superou de longe a capacidade do bar. Mas era um leilão de fotografias, com tema único: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Às 23h05 da quarta-feira (3), quando o leiloeiro Cléber Melo considerou finalizada a venda do último dos 50 lotes, a arrecadação superou em 9,5 vezes a soma do lance mínimo (de R$ 1.313 cada foto) e chegou a R$ 623.900. O ator José de Abreu arrematou uma das fotos.
Por sugestão do próprio Lula, o dinheiro será destinado ao instituto que leva o seu nome, que enfrenta dificuldades financeiras. “Este leilão significou o resgate de mais de 40 anos de militância do presidente Lula. Isso, para nós, não tem preço”, afirmou o presidente da entidade, Paulo Okamotto. “O objetivo é mostrar, principalmente para a juventude, que o presidente Lula serviu ao povo brasileiro. Ele está preso porque representa um projeto político. Quantos políticos teriam o privilégio de ter mais de 40 fotógrafos cedendo o seu trabalho?”, questionou.
Quarenta e três profissionais da imagem, organizados no grupo Fotógrafos pela Democracia, doaram material para o leilão, mostrando Lula em diferentes situações em quatro décadas. A primeira imagem leiloada, de Rogério Reis, foi tirada em 26 de julho de 1978, no Rio de Janeiro, quando o então sindicalista Luiz Inácio da Silva participava do 5º Congresso Nacional dos Trabalhadores na Indústria, representando o incipiente “novo sindicalismo”.