Monica Benicio não teve escolha sobre a vida que passou a levar desde a noite de 14 de março de 2018. Naquela data, a sua companheira e vereadora carioca Marielle Franco não voltou para casa como acontecia durante os 14 anos anteriores e os responsáveis por sua ausência ainda circulam impunes pelas ruas do país. Desde então, a ativista e viúva de uma das vozes mais promissoras da política nacional transformou sua rotina numa luta incansável por justiça.
Diante do descaso do estado em solucionar o assassinato que chocou o mundo, Monica tem buscado forças de todas as formas para manter não só a memória de Marielle viva como também a esperança de que a verdade logo prevalecerá. Não à toa, nesta quinta-feira (15), ela decidiu ir de encontro àquele que, para ela, tornou-se símbolo máximo de resistência do país: Luiz Inácio Lula da Silva. “Eu sou muito agradecida por ter sido recebida por Lula porque isso me inspira a seguir lutando também”, resume a ativista, logo após visitar o ex-presidente ao lado do escritor cubano Leonardo Padura.
Vítima implacável de comentários raivosos e da conivência criminosa dos que hoje comandam o país, Monica é fortaleza pura. Ainda que esteja no centro de um dos mais bárbaros crimes da história recente nacional, não sucumbe aos ataques e levará para muito além de Curitiba as lições que extraiu de Lula durante a visita.
“Encontramos um homem obstinado a provar a sua inocência, mas que também um retrato do que é a injustiça neste país. Se há palavras que unam Lula a Marielle elas são luta e resistência. Uma frase que ele me disse e que me marcou muito foi: “nunca tivemos tanto motivo para lutar”. Então a gente não está sozinho. Vocês são a prova disso”, reitera Monica, referindo-se à militância da Vigília Lula Livre, que há quase 500 dias mantém apoio irrestrito a Lula em frente à Polícia Federal.