Foi unânime a votação no Conselho de Ética que aprovou o relatório do senador Humberto Costa (PT-PE) pedindo a abertura de processo de cassação do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) por quebra de decoro parlamentar. Os senadores da oposição não só apoiaram, mas elogiaram a argumentação do relator.
De nada valeu o pedido da defesa de Demóstenes, que queria mais dez dias para apresentar uma contra-argumentação ao parecer de Humberto. O presidente do Conselho, senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) considerou a medida “mera tentativa de procrastinação”. O advogado de Demóstenes, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, acompanhou a sessão, mas não falou em defesa de seu cliente.
Na semana passada, durante a leitura do relatório de Humberto Costa, o advogado do senador goiano já havia pedido mais prazo para apresentar uma nova defesa. O senador Valadares chegou a conceder dez minutos para que o advogado da defesa pudesse se manifestar. Para sua surpresa, o defensor disse que estava despreparado para fazer nova argumentação porque o relator buscou outras fontes para apontar a relação entre Demóstenes Torres e o contraventor Cachoeira.
Kakay pediu, então mais dez dias para apresentar uma nova defesa, pedido que não foi aceito. O advogado insistiu e apresentou uma representação formal com as argumentações hoje rebatidas pelo relator e novamente rejeitadas pelo presidente do Conselho.
A data para esses e outros depoimentos e a votação de requerimentos devem ser definidas numa reunião administrativa do Conselho, que acontecerá nesta quarta (09/05) ou, no máximo, na quinta-feira (10/05). Humberto sugeriu que Cachoeira seja ouvido na quinta-feira da próxima semana (dia 17) – dois dias após o depoimento do contraventor à CPMI.Agora, o Conselho quer ouvir o depoimento do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, dos delegados e representantes do Ministério Público que participaram das investigações que resultaram na prisão do bicheiro e do próprio senador Demóstenes. “Tudo isso apenas para questionar sobre a conduta do senador; não nos interessa fazer uma CPMI paralela”, observou Humberto Costa, referindo-se à investigação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito encarregada de apurar as relações criminosas de Carlinhos Cachoeira.
A abertura do processo contra Demóstenes foi pedida por meio de uma representação do PSOL ao Conselho de Ética do Senado.
Trabalho arqueológico
O relatório apresentado por Humberto Costa foi definido pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), como um trabalho “quase arqueológico”. Isso porque o texto utiliza, para caracterizar as declarações não-verdadeiras de Demóstenes partes de discursos proferidos em plenário e declarações de voto, atuação parlamentar e a própria defesa do senador goiano em plenário, que configuram, no entendimento do relator, indícios claros de comportamento antiético. (veja matéria em anexo).
O líder do PT, Walter Pinheiro (BA) disse, ao final da sessão, que o parecer de Humberto “ficou melhor do que a encomenda”. “O relator fez um trabalho preciso, cauteloso e definitivo”, disse.
Para o senador José Pimentel, “o relatório garante a todos os Senadores a tranquilidade necessária para que possamos votar certos de que não cometeremos qualquer injustiça”.
Até mesmo o líder tucano, Álvaro Dias (PSDB-PR) defendeu o texto votado e criticou a tentativa da defesa do senador acusado de adiar a decisão. “O relator apenas trata do comportamento de Demóstenes baseando-se em suas próprias palavras proferidas no plenário ou em votações”, recordou.
Giselle Chassot
Ouça a entrevista do senador Humberto Costa
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