Ao jornal Estado, Pinheiro defende quebras de sigilo de Perillo

Para senador, só com dados bancários será possível confirmar se o governador tucano recebeu dinheiro do esquema montado pelo contraventor Cachoeira.

Ao jornal Estado, Pinheiro defende quebras de sigilo de Perillo

A revelação feita pelo Estado de S Paulo de que empresa fantasma controlada pelo contraventor Carlinhos Cachoeira foi usada para quitar dívidas do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), fez com que parlamentares defendessem a quebra dos sigilos bancários, fiscal e telefônico do governador de Goiás. O líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), disse que somente quebrando o sigilo bancário do governador de Goiás será possível descobrir a “extensão” dos pagamentos feitos pelo esquema de Cachoeira a ele.

O senador baiano afirmou ainda ao jornal Estado de S Paulo que, caso seja aprovado o pedido, seria melhor adiar em pelo menos uma semana o depoimento de Perillo, marcado para o dia 12, a fim de que os dados bancários cheguem à CPI e sejam analisados. O governador goiano já era alvo de investigação por causa de uma transação imobiliária de uma casa, que teria sido paga com recursos do contraventor.

O assunto pode ganhar espaço nas audiências da CPMI, Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga as relações de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com agentes públicos e privados. Na próxima terça-feira (05/06) os parlamentares se reúnem para o depoimento de quatro pessoas ligadas ao governador tucano.

A Casa
Em depoimento à CPMI o ex-vereador, Wladimir Garcez, que assessorava Carlinhos Cachoeira e a empresa Delta, contradisse a versão do governador de Goiás ao afirmar que queria comprar a casa de Perillo para revendê-la, mas, sem dinheiro, ele pediu emprestado para Cachoeira e Cláudio Abreu (ex-diretor da Delta Centro-Oeste).

Conseguiu de Abreu três cheques, dois de 500 mil reais e um de 400 mil reais. Os cheques, segundo ele, eram nominais a Perillo e foram entregues a um assessor do governador chamado Lúcio. A Polícia Federal afirma que os cheques eram de um sobrinho de Cachoeira.

Dinheiro de Cachoeira na Campanha
Reportagem publicada pelo “O Estado de S. Paulo” informa que o jornalista Luiz Carlos Bordoni afirmou ao jornal que a empresa Alberto e Pantoja foi usada para pagar os serviços que ele prestou à campanha de Perillo em 2010. O jornalista foi o responsável pela propaganda em rádio da campanha. Segundo a Polícia Federal, a Alberto e Pantoja é uma empresa de fachada controlada por Cachoeira.

Documentos da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal – que resultou na prisão de Cachoeira -, mostram que um depósito de R$ 45 mil foi feito na conta da filha do jornalista, Bruna Bordoni. Em seu blog na internet, o jornalista afirmou nesta sexta que o depósito foi negociado por Lúcio Gouthier Fiúza, assessor do governador Perillo e que não dará mais entrevistas sobre o caso. Bordoni resolveu falar por causa do depoimento do senador Demóstenes Torres, na última terça-feira, no Conselho de Ética. Durante as perguntas dos integrantes do conselho, o nome da filha dele foi citado.

Depoentes da semana
O primeiro a ser ouvido será Walter Paulo Santiago, empresário e um dos proprietários da Faculdade Padrão, para quem o governador de Goiás, Marconi Perillo, teria vendido um imóvel no condomínio Alphaville Ipês, em Goiânia. Nesta casa, Carlinhos Cachoeira foi preso durante a operação Monte Carlo, da Polícia Federal, e há suspeitas de que ele seria o verdadeiro comprador, com Walter operando como intermediário para esconder a transação.

Os parlamentares também ouvirão Sejana Martins, uma das proprietárias da empresa Mestra Administração e Participações. É a essa empresa que a casa no condomínio Alphaville pertence de fato, no registro de imóveis. Além disso, a empresa nunca teve Walter Paulo Santiago em seu quadro societário. Parlamentares desconfiam que a empresa foi usada como “laranja” na negociação. Eles também estranharam o fato de, dois dias após a compra da casa, Sejana deixar a sociedade. Além disso, ela é diretora da Faculdade Padrão.

Écio Antônio Ribeiro, o único sócio remanescente da Mestra Administração e Participações, também será ouvido pela CPI. O outro sócio, Fernando Gomes Cardoso (a ser ouvido futuramente, pois já há requerimento aprovado nesse sentido), deixou a sociedade alguns meses depois.

Eliane Gonçalves Pinheiro, a ex-chefe de gabinete do governador Perillo, também foi convocada. Eliane mantinha contato com Cachoeira, e chegou a receber informações sobre investigações da Polícia Federal que beneficiavam políticos ligados ao investigado. Gravações telefônicas da PF mostram, por exemplo, que a ex-chefe de gabinete avisou ao prefeito de Águas Lindas, Geraldo Messias, um aliado de Perillo, de que a polícia faria uma busca na residência dele. Graças ao alerta, o prefeito não pode ser encontrado.

Com informações de agências onlines

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