Em pronunciamento nessa segunda-feira (19), o senador Paulo Paim (PT-RS) voltou a afirmar que a aprovação do PL 12/2021, que prevê a quebra temporária de patentes de insumos e vacinas contra a covid-19, é a forma mais eficaz e rápida de o país imunizar a população e, consequentemente, superar as crises social e econômica advindas da pandemia. De autoria do senador, o projeto chegou a ser incluído na pauta de votações, mas foi retirado.
“Alguns não entendem ou não querem entender. Triste, né? Temos de aprovar, sim, o PL 12/2021 ou qualquer outro projeto que vá na linha de quebrar a patente da vacina contra a covid-19. Vamos fazer um substitutivo. Nelsinho Trad [PSD-MS] é o relator, e os 81 senadores vão aprovar. Milhões de doses seriam produzidas com rapidez”, explicou.
A volta do Brasil ao mapa da fome é outra preocupação de Paim. De acordo com o senador, mais de 100 milhões de brasileiros atingiram a pobreza e, pela primeira vez em 17 anos, mais da metade da população não sabe o que vai comer no dia seguinte. O senador também criticou a demora na retomada do auxílio emergencial e destacou o baixo valor do benefício. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), os R$ 250 a serem pagos à maioria dos beneficiários são insuficientes para comprar metade de uma cesta básica.
“São R$ 8,33 por dia, pouco mais de R$ 2 para cada integrante de uma família com 4 pessoas. [Com] R$ 8,33 é possível comprar 13 produtos, mas bem pouquinho. Ou seja, menos de um bife, três colheres de arroz, duas de óleo, uma concha e meia de feijão, um tomate, menos de um copo de leite, menos de um quarto de xícara de farinha, meia batata inglesa, um pão e meio, menos de uma colher de manteiga, menos de meia xícara de café, uma banana, quatro colheres de açúcar. Imaginem esse prato de comida para uma família de quatro pessoas. Pensem, imaginem comigo. Isso que nem falei do preço do gás de cozinha, que já custa em média R$ 100”, disse.
O senador classificou de “vergonhosa” a desigualdade social no Brasil. Enquanto o contingente de pessoas famintas aumentou durante a pandemia, o número de bilionários também cresceu no país, ressaltou. “Vamos sair dos nossos castelos e voltar os nossos olhares para o suplício dos pobres”, pediu.