A cúpula da CPI da Covid definiu calendário para o retorno dos trabalhos da comissão em agosto, após o recesso parlamentar. A agenda prevê que, na semana da retomada, sejam ouvidos personagens centrais nas negociações de compra de vacinas pelo governo Bolsonaro.
Os depoimentos devem manter o foco na atuação da Precisa Medicamentos e da Davati Medical Supply, que atuariam como intermediárias para contratos da Covaxin e da Astrazeneca.
Na terça-feira (3), a CPI realizará a votação de requerimentos e o depoimento do reverendo Amilton Gomes de Paula. Ele teria sido autorizado pelo governo Bolsonaro a negociar 400 milhões de doses da Astrazeneca com a Davati, no escândalo sobre a cobrança de propina de 1 dólar por dose.
No dia seguinte será ouvido Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos.
Na quinta-feira, será realizada a oitiva do advogado e representante da Precisa Medicamentos, Túlio Silveira.
A CPI teve seu prazo de trabalho prorrogado por mais 90 dias na semana que antecedeu o recesso parlamentar. Assim, os trabalhos poderão se estender até o início de novembro. Em entrevista para a Globonews, o senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que nessa etapa os parlamentares deverão se debruçar sobre os indícios de corrupção na compra de vacinas e insumos praticados por integrantes do governo Bolsonaro.
“Eu imagino que toda essa parte relativa à condução que o governo [Bolsonaro] deu ao enfrentamento à pandemia já há elementos suficientes para se fazer um relatório robusto que possa inclusive envolver pessoas do governo, o próprio presidente da República e outros protagonistas desse processo”, disse. “Acredito que vamos precisar agora é nos dedicar mais a esse último item que surgiu e diz respeito a possibilidade de atos de corrupção na aquisição de insumos, de vacinas e a cada dia que passa vai se tornando mais evidentes como fato”, completou o senador.
Capitais suspendem vacinação
Coincidência, ou não, ao menos dez capitais brasileiras estão com a aplicação da primeira dose da vacina contra a Covid-19 suspensa hoje devido à falta de imunizantes.
No final do mês passado, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que toda a população adulta do Brasil teria a oportunidade de receber a primeira dose da vacina contra o coronavírus até o fim de setembro. Apesar da promessa, estados e municípios seguem a rotina da falta de imunizantes e a falta de planejamento e gestão do governo.
“Governo genocida. Preferiu a corrupção à compra de vacinas suficientes para todos. E é o povo brasileiro que paga a conta”, criticou o senador Paulo Rocha (PA), líder da bancada do PT.
A desaceleração no ritmo vacinal acontece no momento que o Brasil atinge 550.502 mortes pela doença e a maior notificação de casos detectados com a variante delta, mais transmissível que as anteriores.
“No dia que o Brasil ultrapassou a marca de 550 mil mortos por Covid-19, capitais brasileiras interromperam a aplicação da primeira dose por falta de vacinas. O legado de morte de Bolsonaro parece não ter fim”, criticou o senador Humberto Costa.
Com informações de agências