O senador Humberto Costa (PT-PE), membro titular da CPI da Covid, afirmou que a denúncia envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), publicada na edição desta semana da revista Isto É, “chama a atenção por vários aspectos nebulosos”.
De acordo com a reportagem, o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro se envolveu pessoalmente na compra da vacina norte-americana Vaxxinity contra a Covid-19. O imunizante não tem aprovação da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) e nem da FDA (agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos).
Uma troca de e-mails mostra que Flávio teria participado, em junho deste ano, de uma negociação paralela para a aquisição do imunizante, que ainda estava em fase de testes e sem aprovação, durante viagem aos Estados Unidos.
“O caso chama a atenção por vários aspectos nebulosos, mas o que mais salta aos olhos são as inúmeras semelhanças de irregularidades que este caso guarda em relação aos outros escândalos que já estão sendo investigados pela CPI no Senado”, aponta o senador Humberto Costa.
A participação de Flávio Bolsonaro na transação se inicia no dia 9 de junho. Na oportunidade, o advogado Stelvio Bruni Rosi, encaminhou um e-mail ao gabinete do senador solicitando uma reunião entre o parlamentar e representantes do laboratório Vaxxinity, sediado em Dallas (EUA).
No dia seguinte, o gabinete de Flávio enviou a mensagem de Stelvio ao secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz. Na mensagem, encaminhada por Branca de Neves José Luiz, funcionária do senador, ele solicita que Cruz analise o pedido para “eventual interesse” na aquisição da vacina.
Ainda segundo a reportagem, Rosi também atua como diretor operacional da Malugue Comércio Ltda, empresa do Rio de Janeiro que se apresenta como especializada na distribuição de equipamentos hospitalares.
Além dele, integram o corpo diretivo da empresa o advogado Ricardo Horácio e o coronel da reserva do Exército Gilberto Gueiros. O militar foi presidente da Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj), na gestão do governador Wilson Witzel, e foi afastado do cargo por desvios na Saúde.
Logo em seguida à entrevista de Stelvio Rosi, o site da Malugue foi retirado do ar.
CPI também investiga possíveis fraudes em hospitais federais do Rio
A CPI da Covid também tem investigado denúncias de corrupção praticadas durante a pandemia nos hospitais federais do Rio de Janeiro. Um dos nomes sob suspeita nessas investigações é justamente o do senador Flávio Bolsonaro.
O senador Humberto Costa é o coordenador de um dos grupos de trabalho formados pela CPI e ficou responsável por apurar as supostas irregularidades praticadas nas unidades de saúde.
De acordo com o senador, “há indícios de atos de corrupção muito fortes e que envolvem vários hospitais”.
As investigações apontam para favorecimento de empresas em contratos firmados com os hospitais federais e pagamento de propina por meio de organizações sociais.
“Há muitas suspeitas de que pagamentos de propinas a eventuais agentes públicos pudessem ser feitos inclusive por empresas contratadas por organizações sociais. Tudo indica que uma determinada empresa beneficiada num contrato de organização social ao mesmo tempo era beneficiada numa contratação num hospital federal”, afirmou o senador
Com informações de agências de notícias