Relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) indica divergências entre as declarações do ex-juiz Sergio Moro sobre seu trabalho na Alvarez & Marsal e os documentos apresentados pela empresa. Os auditores identificaram diferença entre o CNPJ que teria contratado Moro e o que fez o pagamento. Em um ano, o ex-juiz recebeu R$ 3,7 milhões por trabalhos realizados para a consultoria.
Em uma live com o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), Moro apresentou nota fiscal de um dos serviços prestados. Nela, consta o CNPJ da filial brasileira Alvarez & Marsal Consultoria em Engenharia Ltda. No entanto, a empresa – que cuida da recuperação judicial da Odebrecht e de outras empreiteiras investigadas na Lava Jato – informou ao TCU que o ex-juiz foi contratado pela Alvarez & Marsal Disputas e Investigações Ltda para serviços de compliance (política de alinhamento entre a atividade corporativa e as leis vigentes). E, depois, ele foi para a Alvarez & Marsal Disputes & Investigations Inc, nos EUA.
Essa discrepância de informações e a falta de clareza sobre a separação entre os diversos setores da companhia reforçam as suspeitas de conflito de interesses. Para o senador Rogério Carvalho (PT-SE), está claro que Sergio Moro destruiu empresas e agora lucra com as dificuldades das companhias investigadas.
Imagina um mecânico quebrar seu carro p/ depois arrumar. Pois bem! Foi o que Moro fez.Ele destruiu nossas grandes empresas nacionais, gerou desemprego e depois prestou serviço p/ uma consultoria de recuperação judicial das empresas q ele mesmo quebrou.https://t.co/vnlPoNrL1Q
— Rogério Carvalho 🇧🇷 ⭐️ (@SenadorRogerio) February 18, 2022
O senador Jean Paul Prates (PT-RN) destaca a falta de competência e moralidade de Moro, que ganhou milhões de uma empresa beneficiada por decisões que ele tomou como juiz da Lava Jato. “Com um inglês sofrível, Moro foi contratado por uma empresa norte-americana para ganhar quase 10 vezes o que recebia como servidor público. Os laços dele com a empresa são imorais. Como juiz, ele tomou decisões que beneficiam a empresa em que foi trabalhar alguns anos depois. Os brasileiros precisam saber o que se passou por detrás da Lava Jato e os reais motivos que moveram Moro em sua perseguição ao presidente Lula e a empresas brasileiras”, defende Prates.
As investigações do TCU continuam. Além disso, a uma petição enviada à Procuradoria-Geral da República (PGR) pode abrir uma nova frente de apuração das atividades do ex-juiz na iniciativa privada. No dia 3 de fevereiro, o deputado federal Rui Falcão (SP) protocolou um pedido para que a PGR acione a Receita Federal e o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) para saber se há alguma atividade suspeita envolvendo Moro, suas empresas ou seus familiares e o grupo Alvarez & Marsal.
Com informações do jornal Folha de S. Paulo