“Interessante é que ele diz que o governo não quer investigar. Na semana passada, rugiu como um leão antes de interpelar a presidenta da Petrobras, Graça Foster, mas na hora de fazer perguntas parecia um gatinho”, disse o relator da CPMI, Marco Maia.
O relator minimizou o cancelamento da reunião desta quarta-feira (18). Marco Maia alegou que o não funcionamento do Congresso Nacional na terça-feira, por causa do jogo Brasil e México, e o feriado de amanhã, contribuíram para o quórum ser reduzido, até mesmo porque os trabalhos seriam destinados à votação de novos requerimentos. Em entrevista para a imprensa, presente em número reduzido, o relator respondeu às seguintes perguntas da maneira que foram feitas pelos jornalistas:
Repórter – Relator, a oposição acusa o governo de fazer manobra para não dar quórum. Isso procede?
Marco Maia – Isso não é verdade. Eu vi apenas três deputados da oposição no plenário. Outros cinco ou seis que tinham aqui eram ditos da base do governo. Aliás, alguns parlamentares que na última sessão foram efusivos na cobrança dos trabalhos da CPI, nesta oportunidade não estavam presentes. Então é uma forçação de barra muito forte dizer que é uma estratégia do governo ou da situação para impedir os trabalhos da oposição. Na minha avaliação isso não é verdade. O que nós assistimos aqui foi de fato um dia complexo. Depois de um jogo da seleção brasileira que não teve sessão do Congresso Nacional e véspera de um feriado que se inicia amanhã. Portanto, com uma dificuldade adicional de realizar uma sessão apenas para votação de requerimentos. Não há na minha avaliação nenhum movimento, nenhuma intenção por parte do governo e nem mesmo da oposição de impedir os trabalhos da CPMI. Foi a circunstância do dia.
Repórter – É como diz lá em Viamão (RS), é o sujo falando do mal lavado?
Basta olhar a lista dos presentes na CPMI que nós vamos ver que a falta de integrantes foi proporcional, do mesmo tamanho. Volto a dizer, havia apenas três deputados da oposição presentes à CPMI. Não significa que as pessoas não estiveram aqui. É em função do dia, porque tinham alguma intenção de impedir o trabalho da CPMI ou deixar andar. Vamos ver que tem menos jornalistas do que naturalmente. Se eu contar o número de câmeras de tevê só tem quatro, geralmente tem dez, doze.
Repórter – O adiamento da votação dos requerimentos para semana que vem prejudica?
De maneira alguma. Já há a convocação do ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli para a semana que vem, quarta-feira, e nós já temos cerca de 200 requerimentos aprovados pela CPMI que podem ser perfeitamente utilizados para dar continuidade aos trabalhos. Não há prejuízo, preocupação adicional pelo fato de não ter realizado a votação dos requerimentos que estavam propostos para serem votados hoje.
Repórter – Deputado, o presidente da CPI do Senado já anunciou o compartilhamento das informações da Operação Lava-Jato. De que forma esse compartilhamento vai ajudar nas investigações?
Tem um pedido feito pela CPMI, logo na sua primeira sessão, que o presidente junto com o relator aprovou e que vai contribuir, porque os documentos já estão aí. Isto ajuda, contribui e permite que nós tenhamos a condição de obter essas informações mais rapidamente. Elas já vão, inclusive, poder orientar as próximas oitivas que vamos realizar daqui para frente.
Repórter – O senhor falou que o motivo desse esvaziamento era uma reunião administrativa. Então, se fosse uma reunião para ouvir depoimentos não acha que seria mais cheia?
Acho que teria em função da premência das oitivas, da importância que as oitivas têm para o processo. Hoje era uma reunião administrativa para votar requerimentos. Como nós já temos requerimentos votados, diria que a sessão da semana que vem terá maior presença.
Marcello Antunes