Isolado, Jair Bolsonaro teve uma passagem melancólica pela Cúpula das Américas, realizada em Los Angeles (EUA). O evento se iniciou na última quarta-feira (8), mas o representante brasileiro chegou aos Estados Unidos com um dia de atraso.
Já em solo norte-americano, antes do encontro bilateral com o presidente norte-americano Joe Biden, Bolsonaro foi recepcionado por um grupo de cinco senhoras autointitulado “vovós poderosas de Las Vegas”.
Recepção gigante para o VAGABUNDO DAS AMÉRICAS na sua chegada ao hotel em Los Angeles! pic.twitter.com/dsm5VC6Oof
— Desmentindo Bolsonaro (@desmentindobozo) June 9, 2022
No encontro com Biden, Bolsonaro e voltou a afirmar que sente “por vezes” a soberania da Amazônia ameaçada. Um temor provocado por ele mesmo, que não se dá ao trabalho de proteger a floresta e cuidar do meio ambiente, muito pelo contrário, como demonstram as decisões do governo de relaxamento na fiscalização de garimpo ilegal e desmatamento. Dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostra que a Amazônia Legal teve 900 km² de área sob alerta de desmatamento em maio. O número é o segundo maior para o mês em seis anos – atrás apenas de 2021.
Ainda no encontro com Biden, Bolsonaro também voltou a jogar a culpa da política econômica desastrosa de seu governo na política do “Fique em Casa”, combatida por ele desde o início da pandemia e que acabou vitimando mais de 600 mil brasileiros, cerca de 10% dos mortos por Covid-19 no mundo, mesmo o Brasil tendo apenas 3% da população mundial. O Brasil registrou cinco vezes mais mortes pela doença do que a média mundial, ou seja, cerca de 450 mil vidas poderiam ter sido poupadas se o governo Bolsonaro tivesse seguido as recomendações da OMS, como quase todos os países do mundo.
Além disso, foi na trágica gestão de Bolsonaro que o Brasil viu disparar novamente o número de pessoas em situação de fome. Levantamento da Penssan mostra que em pouco mais de um ano subiu de 19 milhões para 33,1 milhões o número de brasileiros que se encontram em insegurança alimentar. Um retrocesso gigantesco, haja vista que o país havia deixado o Mapa da Fome da ONU em 2014, no governo Dilma Rousseff, após 12 anos ininterruptos de efetivo combate à miséria.
Como não poderia deixar de ser, o mandatário brasileiro ainda insistiu em colocar sob suspeita o processo eleitoral brasileiro. Bolsonaro retomou a ladainha da necessidade de o Brasil ter eleições “auditáveis”.
Na véspera do encontro com Biden, Bolsonaro questionou novamente a vitória do atual presidente dos Estados Unidos afirmando que ficou com “o pé atrás” em relação às eleições.
Dinheiro público no lixo
Aproveitando a passagem pelos Estados Unidos, Bolsonaro pretende ampliar a lista de eventos que mancham a imagem do Brasil no exterior. Ele pretende participar de uma motociata em Orlando, na Flórida, neste sábado (11).
As atividades de Bolsonaro alheias ao exercício do cargo de presidente, além de não serem esporádicas, têm chamado a atenção dos cidadãos descontentes com a postura do chefe do Executivo diante de tantas mazelas.
Nesta quinta, chegou a figurar entre os assuntos mais comentados das redes sociais o termo “VAGABUNDO DAS AMERICAS”, em referência ao passeio de Bolsonaro pelos Estados Unidos.
UM MENTIROSO QUE NÃO É BEM VINDO EM LUGAR ALGUM!
“Mentiroso na cidade”: Bolsonaro é alvo de protestos em Los Angeles.
Nos muros da cidade, manifestantes pregaram cartazes com o rosto de Bolsonaro em chamas, com chifres feitos com fogo e chamando o presidente de “criminoso”. pic.twitter.com/eZtXewDotX— Paulo Rocha (@senadorpaulor) June 10, 2022
Por onde passa, Bolsonaro envergonha o Brasil. VAGABUNDO DAS AMÉRICAS pic.twitter.com/YCW5YHH820
— Humberto Costa (@senadorhumberto) June 9, 2022