Petrobras

Bolsonaro se esquiva de responsabilidade com ideia de CPI

Em novo teatro para culpar terceiros pela política desastrada da Petrobras, Bolsonaro investe em CPI para investigar ações do próprio governo. Caso seja instalada, PT vai trabalhar para escancarar responsabilidade de Bolsonaro na péssima gestão da petrolífera
Bolsonaro se esquiva de responsabilidade com ideia de CPI

Foto: Agência PT

Diante de mais um aumento do preço dos combustíveis anunciado na última sexta-feira (17) e com a queda de José Mauro Coelho, terceiro presidente da Petrobras na gestão Bolsonaro, o atual presidente da República passou a defender a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a política de preços praticada pela companhia.

Mas o que está escondido na tentativa de Bolsonaro em criar uma CPI é a sequência de atitudes que empurram para terceiros os fracassos de sua política econômica, assim como fez com o projeto de redução do ICMS sobre os combustíveis. Conforme o PT alertou durante as discussões no Congresso Nacional, a proposta, além de não resolver a questão dos sucessivos aumentos no preço dos combustíveis, gera perdas substanciais aos estados e municípios e ameaça a manutenção de serviços públicos essenciais.

O líder da Minoria, senador Jean Paul Prates (PT-RN), apontou que a possibilidade de criação de CPI por Bolsonaro e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não passam de um “balão de ensaio” utilizado como forma de pressionar José Mauro Coelho a pedir demissão da presidência da Petrobras.

“Houve pedido de CPI do governo para cima do próprio governo. Esse é o cúmulo da confusão. E a confusão vem se acumulando ao longo dos meses pela negativa do governo em admitir que o problema do combustível é a paridade de preço de importação [PPI] e tentar culpar tudo e todos ao invés de ir ao cerne do problema. Olha a que ponto chegamos: o governo ameaçando o presidente da Petrobras, colocado pelo próprio governo, com uma CPI”, criticou Jean.

De acordo com o senador, caso venha a ser instalada, os senadores do PT trabalharão para que a investigação aponte para a sociedade os malfeitos do governo Bolsonaro na gestão da Petrobras que privilegia unicamente os acionistas e esquece do principal motivo de existência da empresa, que é o consumidor.

“Se houver uma CPI queremos saber quem defende o PPI, por que defende e a quem defende. O povo brasileiro está completamente entregue às oscilações do mercado internacional de petróleo e o governo jamais moveu uma palha na paridade de importação. Isso é o que faz com que o preço base varie em dólar e tempo real para 100% dos volumes de derivados de petróleo que o Brasil consome”, explicou Jean Paul.

O líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA), também criticou a falsa indignação de Bolsonaro com o novo reajuste dos preços dos combustíveis. Para ele, Bolsonaro finge que não pode fazer nada por não ter coragem de exercer a autoridade de presidente da República e enfrentar os acionistas estrangeiros, que tem faturado alto com o PPI.

“O governo Bolsonaro é um amadorismo só. Não dura um presidente da Petrobras. Tudo para sustentar o teatro do presidente de que não é culpa dele o reajuste de preços dos combustíveis. É sim. E essa máscara caiu faz tempo”, enfatizou Paulo Rocha.

Nessa segunda-feira (20), mesmo dia em que mais um presidente da estatal caiu, a Petrobras repassou aos acionistas a primeira parcela da distribuição recorde de R$ 48,5 bilhões em dividendos.

 

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