A desastrosa reunião entre Bolsonaro e mais de 40 diplomatas vai muito além de um dos maiores vexames internacionais de um chefe de Estado brasileiro. Para a bancada do PT no Senado, o encontro foi mais uma clara ameaça do presidente à democracia do país e um novo passo em direção ao golpe articulado por ele e seus apoiadores contra as eleições, diante da iminente derrota em outubro.
O líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA), destacou o “desespero de Bolsonaro” a menos de três meses do pleito. “O pré-candidato da ultradireita prepara terreno para tentar repetir os passos golpistas do candidato derrotado nos Estados Unidos. [Foi um] espetáculo pavoroso de Bolsonaro convocar o corpo diplomático do mundo inteiro para confirmar que é mentiroso e que quer dá um golpe contra a democracia no Brasil”, indignou-se.
Para ele, o presidente “claramente desistiu das eleições”. “Sabe que vai perder no voto. Está armando um roteiro para tentar convencer os que ainda o apoiam a dar um golpe de Estado. Falhará miseravelmente.”
Além disso, o senador denunciou Bolsonaro pela transmissão ao vivo do evento golpista pela TV Brasil. “Mais uma vez, Bolsonaro usa a estrutura pública para promover fake news e atacar o principal adversário nas urnas. É inadmissível e não vamos aceitar contínuos ataques à democracia e a concorrentes diretos, incentivando mais ainda o discurso de ódio. Com desinformação sobre urnas eletrônica, Bolsonaro quer armar os seus milicianos contra a democracia e o sistema eleitoral brasileiro”, disse o líder.
O líder da Minoria no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN), foi na mesma linha. “É grave quando o presidente da República se utiliza da estrutura do Executivo para atacar poderes e colocar em dúvida a segurança de nossas eleições. Bolsonaro permanece fora dos limites da Constituição no seu desespero pelo resultado das eleições”, afirmou.
O presidente usou uma prerrogativa de chefe de Estado “para uma agenda que é a um só tempo antirrepublicana e eleitoreira”, acusou o senador Humberto Costa (PT-PE). “Bolsonaro joga contra o Brasil. Ao convocar embaixadores de vários países para uma exposição recheada de mentiras contra o sistema eleitoral brasileiro, ele destrói a democracia do nosso país para o mundo. Esse genocida golpista não é e nunca será um patriota”, apontou.
Ele também mencionou a péssima repercussão do evento dentro e fora do Brasil. “A repercussão da farsa montada por Bolsonaro é terrível. Bolsonaro se tornou um problema para o Brasil e para o mundo, é uma tragédia. Os brasileiros rejeitaram esse tipo de postura fascista adotada por ele. Vergonha tem nome e sobrenome: Jair Bolsonaro”, afirmou.
Já o senador Rogério Carvalho (PT-SE) publicou uma sequência de mensagens para atestar a segurança da urna eletrônica, ponto central da ameaça golpista do presidente. “As urnas eletrônicas no Brasil são referência para o mundo. Ninguém nunca conseguiu invadir nossas urnas. É um sistema absolutamente seguro. O questionamento do Bolsonaro é de natureza golpista porque ele sabe que vai perder a eleição”, resumiu.
A responsabilização criminal de Bolsonaro por conspiração foi defendida pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES). “Bolsonaro tem de ser criminalmente responsabilizado por conspirar contra o sistema eleitoral brasileiro. Sua sanha golpista terá a merecida resposta das instituições nacionais e da comunidade internacional. A era da República de Bananas acabou”, avisou.
O senador Jaques Wagner (PT-BA) também vê o encontro patético desta segunda-feira como uma traição ao país. “O que ele fez ontem é um crime de lesa-pátria. Como ele convida embaixadores para falar mal de algo consagrado no cenário internacional, as urnas eletrônicas? O Brasil consegue fazer a apuração mais rápida e mais segura do mundo. Ele foi eleito com cédulas de papel?”, questionou, para completar: “A urna brasileira é ótima. O que é péssimo no Brasil é o presidente. Vai ter eleição, a urna vai funcionar. Não tem golpe nenhum. O que ele quer é que a gente gaste nosso tempo. Ele é bravateiro e acha que vamos ficar escondidos”, afirmou.
“O atual presidente envergonha o país. Foi um vexame ele se reunir com outros países para falar mal de um processo eleitoral invejado no mundo. É óbvio que está querendo criar clima de intimidação, excitar os torcedores a fazerem absurdos, como o que aconteceu em Foz do Iguaçu”, completou Jaques, lembrando do brutal assassinato, na semana passada, de Marcelo Arruda, dirigente do PT, por um bolsonarista inconformado.