O presidente Jair Bolsonaro voltou a mentir, descaradamente, em rede nacional de televisão ao participar, no domingo, 28, do primeiro debate entre os candidatos à Presidência, promovido pela Rede Band de Televisão. Ele disse que o PT foi contra o Auxílio Brasil de R$ 600 e voltou a prometer que manterá o benefício em 2023, apesar de não ter incluído a medida na Lei de Diretrizes Orçamentárias encaminhada ao Congresso. Foi desmentido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por integrantes da bancada do PT no Senado.
“No momento o Auxílio é de R$ 600 e nós vamos manter esse valor a partir do ano que vem. Esse auxílio se aproxima do mínimo necessário para a pessoa sobreviver”, disse o presidente, que disputa a reeleição e está em segundo lugar nas pesquisas eleitorais. “No ano passado, quando passamos para R$ 400, ninguém acreditava. Conseguimos renegociar os precatórios contra o voto do PT na Câmara”.
Lula rebateu e acusou o adversário de iludir a população, já que a manutenção do benefício não está previsto na lei orçamentária enviada ao parlamento. “A manutenção dos R$ 600 não está na LDO que foi mandada para o Congresso. Existe uma mentira no ar. Já faz dois anos que o PT tem reivindicado os R$ 600 para o Bolsa Família. A bancada do PT tem apoiado, mas tem que ser concomitante com o crescimento econômico, de geração de emprego”, lembrou o ex-presidente. “Bolsonaro adora citar números absurdos em que nem ele acredita”.
Alterado, Bolsonaro respondeu que, se eleito, “pode fazer algo mais detalhado, mais concreto” para buscar recursos para pagar o auxílio junto aos representantes do Congresso. “O PT foi contra os R$ 400 lá atrás. Votou sim. Pare de mentir. Está no seu DNA. No corrente ano discursaram contra e votaram a favor”. Mais uma vez, o presidente da República mentiu.
O líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA), reagiu à mentira do ex-capitão. “Mais mentiras. O PT não votou contra Auxílio Brasil. O mentiroso da República está sendo desmascarado em rede nacional”, rebateu. O senador Rogério Carvalho (PT-SE) também reforçou. “Desde o início da pandemia, nós, do PT, lutamos para que o auxílio fosse de R$ 600. O governo só apresentou a medida agora por causa das eleições. Nós votamos favorável para salvar o nosso povo, que foi abandonado pelo presidente durante a pandemia”, criticou.
O senador Humberto Costa (PT-PE) também foi às redes sociais para desmascarar o presidente da República. “Bolsonaro mentiu e a gente precisa espalhar a verdade. O PT defende o auxílio de 600 reais desde 2020”, denunciou o parlamentar. “Bolsonaro só garantiu o valor agora com um objetivo claramente eleitoral. E, mesmo assim, só até dezembro”.
Bolsonaro já havia dito a mesma mentira na semana passada, durante sabatina no Jornal Nacional. Mas ao contrário do que disse o presidente, os partidos de oposição que propuseram alterações no texto para tornar o pagamento dos R$ 600 permanentes e que foram rechaçadas pela base governista, ainda no ano passado.
Naquela ocasião, durante votação de uma Proposta de Emenda Constitucional, o PT reiterou o reforço do Bolsa Família. “Nós queremos um programa permanente, com orçamento, com receita. Queremos um programa permanente de quatro anos e queremos que o piso da transferência de renda seja de R$ 600”, afirmou o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (PT-MG).