Bolsonaro mostrou mais uma vez o desapreço de seu governo pela população mais pobre do país. Após prometer o aumento do Auxílio Brasil para 600 reais para o próximo ano sem previsão orçamentária para tal e até dizer que faria o valor chegar até 800 reais mensais sem nenhuma ação concreta que comprove a viabilidade da iniciativa, nesta sexta-feira (9) as famílias que dependem da ajuda do governo para sobreviver se depararam com a realidade.
O governo prometeu pagar de forma antecipada a parcela de setembro do Auxílio Brasil para tentar obter algum ganho eleitoral com a medida. Mas, de acordo com informações obtidas pelo portal JOTA, a dificuldade do governo atual em obter dados sobre o cumprimento de contrapartidas, como frequência escolar e vacinação impediram o pagamento do benefício, frustrando a expectativa daqueles que já sofrem com a carestia dos alimentos e enfrentam sérias dificuldades em pagar suas contas.
“Quando alertamos que o governo só fazia medidas eleitoreiras sem qualquer planejamento, este ano, não era à toa. A prova está aí. A desordem generalizada promovida por Bolsonaro mais uma vez prejudicará a população mais vulnerável. As pessoas estão passando fome e se programam para poder não apenas pagar contas, mas principalmente adquirir comida. Quem tem fome tem pressa. Se anteciparam parcela, que mantenham os prazos para não cometer tamanha crueldade”, apontou o senador Paulo Rocha (PA), líder da bancada do PT.
O líder da Minoria no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN) afirmou que o atraso no pagamento do benefício escancara a incompetência do atual governo ao não conseguir manter atualizados, sequer, os dados dos beneficiários dos programas de transferência de renda.
“Nem quando tenta antecipar o pagamento por interesse eleitoral ele consegue fazer a máquina funcionar. Mas o pior é que isso demonstra também sua má vontade com o social. Durante quatro anos ele não moveu uma pena para socorrer o nosso povo e por isso a máquina administrativa não consegue resolver um simples problema de cadastro das pessoas beneficiadas”, disse.
O senador Humberto Costa (PT-PE), presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH), classificou como “gravíssimo” o adiamento. “O governo alega ter dificuldade em obter dados dos beneficiários. Incompetência e descaso: as grandes marcas do governo Bolsonaro”, resumiu.
Atraso no social e recurso para o orçamento secreto
A falta de compromisso de Bolsonaro com os mais necessitados fica ainda mais evidente se compararmos ações de governo desta semana com o atraso no pagamento do Auxílio Brasil.
No último dia 6, véspera de feriado, o governo editou decreto para facilitar a liberação de R$ 5,6 bilhões para as chamadas emendas de relator (RP9), o orçamento secreto.
A manobra deve retirar dinheiro das áreas de ciência e tecnologia e da cultura, já que Bolsonaro enviou ao Congresso duas Medidas Provisórias que bloqueiam recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Científico e Tecnológico (FNDCT) e posterga os valores aprovados pelo Congresso pela Lei Paulo Gustavo de apoio à cultura.
“As dificuldades do governo em pagar o Auxílio Brasil revelam o projeto eleitoreiro do governo de ampliar benefícios apenas em período eleitoral e a improvisação com políticas de apoio aos mais pobres em um contexto de aumento da fome. Enquanto atrasa a transferência de renda aos mais pobres, o governo tenta acelerar a liberação do orçamento secreto com manobras e cortes de recursos de cultura e ciência”, apontou Moretti.
Além disso, o governo também cortou em 59% o orçamento do programa Farmácia Popular para 2023 com o intuito de garantir recursos para o orçamento secreto.