Wellington ainda defendeu a educação integral que está sendo implementada pelo Governo |
O Brasil tem histórias bem sucedidas na área de educação que podem servir de exemplo para uma transformação radical do setor. “As experiências de maior sucesso precisam ser olhadas de perto: o que elas têm que as outras não têm?”, sugere o líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI), para quem a melhoria da educação no País passa pela ampliação dos recursos investidos, mas também por um novo olhar sobre a gestão e sobre a concepção das escolas.
O senador participou, na manhã desta terça-feira (8), da audiência pública da Comissão de Educação (CE) que debateu o Plano Nacional de Educação (PNE), já aprovado nas Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Constituição e Justiça (CCJ), e que agora tramita no colegiado, antes de ser submetido ao plenário do Senado. A audiência foi convocada para debater aperfeiçoamentos ao texto. Participaram do debate o presidente da Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação, José Marcelino de Rezende Pinto; o coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara; o chefe de gabinete da presidência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Sergei Suarez Dillon e a diretora-executiva do movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz.
Wellington fundamentou sua intervenção no debate na experiência de quem foi governador do Piauí por dois mandatos consecutivos e pode contribuir para melhorar substancialmente os indicadores educacionais no estado, o campeão nacional na redução do analfabetismo na última década: de 32% da população maior de 15 anos para 8% desse mesmo contingente. Neste mesmo período, o número de piauienses com ensino médio completo saltou de 450 mil pessoas para 1,5 milhão. O Piauí, durante a gestão de Wellington, pagava aos professores mais que o piso salarial nacional da categoria.
Um dos exemplos citados por Wellington é o município de Cocal dos Alves, que tem 5 mil habitantes e hoje é recordista de medalhas nas Olimpíadas de Matemática. “O que a escola local tem que as outras não tem, além da verdadeira paixão pela educação que têm os professores de lá?”, questionou o senador. Ele cita dois elementos essenciais a uma “escola ideal”: a leitura e a conexão com o universo informatizado. “Uma escola precisa de leitura. Para isso, precisa de biblioteca. Mas a maioria das escolas brasileiras não tem. Segundo: precisa refletir a informatização que já está presente na vida real. Não é possível querer que as pessoas aprendam a usar computador quando já estiverem adultas”, exemplificou Wellington.
Ele defendeu que o Plano Nacional de Educação estabeleça um número mínimo de alunos por escola, para impedir que o valor per capita investido na educação seja pulverizado em pequenos estabelecimentos. “Duvido que qualquer uma das escolas públicas com bom desempenho tenha menos que 300 alunos, pois escolas muito pequenas não conseguem ter bibliotecas, laboratórios e estrutura adequada”, afirmou. “Para que uma escola pequena consiga ter todas essas coisas, o custo por aluno ficaria muito elevado”.
Uma das mudanças que fez no Piauí, quando assumiu o primeiro mandato de governador, foi reduzir o número de escolas de 2.700 para 800, concentrando as matrículas em estabelecimentos maiores, que foram sendo equipados. “No início, fui muito criticado”, revelou Wellington. Mas como as vagas não foram reduzidas e o resultado da concentração de investimentos não tardou a se materializar, a medida foi compreendida e acabou apoiada pela população.
“No mundo desenvolvido, a média é de um professor para 30 alunos. No Brasil, a média é de 1 professor para 12 alunos. Alguma coisa está errada. Estamos pagando professores que estão dando menos aulas, quando podíamos estar pagando melhor a quem está efetivamente em sala de aula”, afirmou o senador. “temos que estabelecer tamanho mínimo das escolas, para potencializar cada real investido” tornar o financiamento viável.
Além de melhorar o salário dos professores, medida que Wellington considera essencial, ele também defendeu a implantação da educação integral. “Em todos os sentidos da vida, a escola em tempo integral é essencial. Seja para combater a violência, seja para melhorar o aprendizado, essa é a base de tudo que queremos construir. Com a carga horária que temos hoje, não há como competir com os países desenvolvidos na qualidade da educação”.
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