O presidente Lula rompeu neste fim de semana um silêncio de quase 12 anos sem que um governante brasileiro discutisse negócios com a Inglaterra – a última visita havia sido da presidenta Dilma Rousseff, em 2012. Lula aproveitou a viagem para acompanhar a coroação do rei Charles III e realizou uma reunião de trabalho com o primeiro-ministro inglês Rishi Sunak.
O resultado foi o anúncio de R$ 500 milhões para o Fundo Amazônia e a criação de um Grupo de Trabalho entre os dois países para identificar oportunidades de trocas comerciais, que no passado já atingiram a cifra de US$ 8,6 bilhões, e hoje está em US$ 6 bilhões.
“O retorno do presidente Lula ao cenário político internacional, além de colocar o Brasil de volta à posição de protagonista mundial, de onde jamais deveria ter saído, está também rendendo acordos de investimentos que serão fundamentais para fazer o país voltar a crescer. Não tem viagem perdida”, afirmou o líder do PT no Senado, Fabiano Contarato (ES).
Ele celebrou principalmente o valor anunciado para o Fundo Amazônia. “Nesse caso em especial, a melhor notícia foi o reforço para proteger a Amazônia e promover o desenvolvimento sustentável da região. Mais um gol de placa!”, comemorou.
O senador Humberto Costa (PT-PE) também destacou a importância de o país restaurar as relações com a comunidade internacional. “O Brasil voltou a dialogar com o mundo. É a certeza de mais investimentos para o país. Faz o L!”, afirmou.
Já a senadora Teresa Leitão (PT-PE) chamou atenção para o prestígio de Lula no mundo, mencionado pelo próprio primeiro-ministro. “Primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, reconhece liderança do presidente Lula na agenda das mudanças climáticas e anuncia R$ 500 milhões para o Fundo da Amazônia. Lula não viaja a passeio”, disse.
Nas redes sociais, Sunak registrou o encontro com Lula. “Além do futebol, temos muitas outras coisas em comum, como o combate à mudança do clima. Estou muito satisfeito em anunciar que nós vamos investir no Fundo Amazônia, em reconhecimento à sua liderança nesse assunto, para que possamos ajudar a deter o desmatamento e proteger a biodiversidade”, afirmou.
Meta é Fundo de U$ 100 bi
Em coletiva à imprensa, pouco antes de embarcar para o Brasil, o presidente brasileiro reafirmou sua intenção de convencer os países ricos a colocar em prática a promessa já feita de destinar US$ 100 bilhões para o Fundo.
“A primeira coisa que o rei Charles disse foi para eu cuidar da Amazônia. E eu disse que preciso de ajuda”, relatou Lula, que defendeu novamente a reforma da Organização das Nações Unidas (ONU).
“Acontece que esse fundo nunca aparece. Por isso que temos brigado para que tenhamos uma nova governança mundial, para que a ONU tenha autoridade de decidir e ver as decisões serem cumpridas”, apontou Lula.
“Não podemos continuar com base no resultado da geopolítica de 1945, quando a ONU foi criada. É preciso ter mais representatividade de outros continentes, mais países, sem que um membro do Conselho de Segurança tenha direito a veto”, completou.
“Precisamos ter em conta que, ao preservar a floresta, que é nossa responsabilidade, só do lado brasileiro da Amazônia moram 25 milhões de pessoas. Como fazer essas pessoas viverem dignamente? Se explorarmos corretamente nossa riqueza científica da nossa biodiversidade, podemos encontrar coisas excepcionais para a indústria de fármacos, de cosméticos, e a gente pode chamar de indústria verde para, além de não poluir, angariar recursos para melhorar a vida do povo que trabalha lá”, resumiu Lula.
Ele disse ainda estar empenhado em trazer para um estado amazônico a Conferência do Clima 30, prevista para 2025.