O governo deverá anunciar no começo de agosto algumas propostas destinadas a reduzir os encargos tributários sobre o custo da energia que hoje representa um dos maiores entraves para as indústrias e corresponde a 45%. A primeira medida diz respeito à redução da tributação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cujas alíquotas cobradas pelos estados variam até 30%. A segunda medida está associada à redução do índice do pagamento das dívidas estaduais, hoje representando de 9% a 15% da receita corrente líquida. Uma terceira medida para baratear o custo da energia em até 20% para as indústrias estaria na negociação do governo com as concessionárias de energia elétrica. Várias concessões do setor vencem a partir de 31 de dezembro de 2014 e o governo vai insistir na modicidade tarifária, ou seja, reduzir o custo da energia já que quase todos investimentos feitos durante a concessão já forma amortizados. Essas ferramentas são fundamentais para que o custo da energia seja efetivamente reduzido. Matéria do Valor Econômico de hoje “Estados terão compensação para cortar ICMS da energia” dá a dica.
Leia a íntegra da matéria do jornal Valor Econômico:
Estados terão compensação para cortar ICMS da energia
Por Claudia Safatle | De Brasília
A presidente Dilma Rousseff pretende convencer os governadores a aderir à redução da tributação do ICMS sobre energia elétrica – tal como o governo federal fará com o PIS/Cofins – mediante proposta que atenderia a uma antiga reivindicação dos Estados: diminuição do pagamento dos serviços das dívidas estaduais que foram renegociadas no fim dos anos 90 com a União. Além disso, haveria a troca do indexador aplicado nesses débitos.
Ao assinar os contratos de refinanciamento, os Estados concordaram com o limite de pagamento do serviço da dívida, que varia de 11,5% a 15% ao ano, conforme o caso. Há anos, os governadores pedem que esse comprometimento caia para a casa dos 9%. Reivindicam também a mudança do indexador da dívida do IGP-DI para o IPCA, desde que este, mais uma taxa fixa, não seja superior à Selic.
A presidente está disposta a negociar essas alterações – que independem de mudança legal – para que os governadores ajudem o governo federal a diminuir o custo da energia para grandes consumidores em cerca de 20%.
A redução da carga tributária incidente sobre a conta de energia é uma das principais medidas que o governo vai anunciar em agosto, provavelmente no dia 7, quando Dilma terá a terceira reunião deste ano com um grupo de empresários. A cobrança de impostos federais e estaduais e de uma série de encargos é responsável por cerca de 45% da fatura de energia, e essa foi uma das principais reivindicações do setor privado no primeiro encontro com a presidente, em março.
De lá para cá, a presidente começou a trabalhar em novas medidas para melhorar a competitividade da indústria e incentivar os investimentos, além de desvalorização cambial e queda de juros.
A alíquota do PIS/Cofins sobre a energia é de 8,5% e terá uma substancial redução. O que mais onera a conta de luz, porém, é a cobrança do ICMS. Dependendo do Estado, esse imposto supera 30%. Razão pela qual o governo quer o envolvimento dos governadores. Os encargos atuais, da Conta de Consumo de Combustível (CCC) à Luz para Todos, serão todos transferidos para o Tesouro Nacional.
Associado à essa iniciativa, o governo também espera obter uma redução tarifária importante – da ordem de 10% – por ocasião da prorrogação das concessões federais do setor elétrico por mais 20 a 25 anos.