Na primeira reunião deliberativa da CPMI do Golpe após o recesso parlamentar, o colegiado aprovou uma série de requerimentos de convocação, pedidos de informações e acesso a Relatórios de Inteligências Financeira (RIF). Dentre os personagens que tiveram a convocação aprovada pelos parlamentares está o nome de Walter Delgatti Neto, hacker preso pela Polícia Federal na manhã da última quarta-feira (2/8).
Na mesma operação, agentes cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços ligados à deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Investigações apontam suspeitas de que a parlamentar bolsonarista contratou o hacker para invadir redes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserir dados falsos em seus sistemas.
Além disso, Walter Delgatti Neto confirmou, em depoimento, ter se encontrado com o ex-presidente Jair Bolsonaro para falar sobre invasão das urnas eletrônicas nas eleições de 2022. Bolsonaro, no encontro, também teria perguntado se ele conseguiria invadir uma urna eletrônica caso estivesse munido do “código fonte”.
“É fundamental ouvir Walter Delgatti Neto. O hacker que denunciou a [Operação] Lava Jato. Pode-se falar o que quiser de Walter Delgatti. Mas aquilo que ele denunciou sobre a Lava Jato foi confirmado. Um senador que está aqui presente [Sergio Moro] e um deputado cassado [Deltan Dallagnol] que o digam. E, agora, ele tem dito coisas que nos deixam assustados”, disse o deputado Rogério Correia (PT-MG).
Outro requerimento de autoria do deputado petista, aprovado pelo colegiado, foi a convocação do segundo-sargento Luís Marcos dos Reis. De acordo com um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o militar, suspeito de sacar dinheiro vivo para pagar as contas da então primeira-dama, Michelle Bolsonaro, depositou mais de R$ 70 mil para o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Ele foi preso pela Polícia Federal em maio na operação sobre possível fraude nos cartões vacina do ex-presidente e esteve nos atos golpistas de 8 de janeiro.
Também foram aprovadas as convocações de Cíntia Queiroz de Castro, coronel da Polícia Militar do DF; Marcela da Silva Moraes Pinto, cabo da PMDF; e Adriano Machado, fotojornalista da Agência Reuters.
Sigilos quebrados
Além das convocações aprovadas pela CPMI, os parlamentares aprovaram requerimentos para a quebra de sigilos de figuras importantes para o andamento das investigações, como do tenente-coronel Mauro Cid e de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal.
Também houve a aprovação da quebra dos sigilos telefônico e telemático de George Washington de Oliveira Sousa, condenado por planejar a explosão de uma bomba nos arredores do Aeroporto de Brasília.
CPMI ouvirá ex-ministro da Justiça de Bolsonaro
Na próxima reunião da CPMI do Golpe, marcada para terça-feira (8/8), os parlamentares vão colher o depoimento de Anderson Torres. No dia dos ataques golpistas promovidos em Brasília, Anderson Torres era o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e não estava na capital. Logo após tomar posse no cargo, ele saiu de férias e viajou para os Estados Unidos, onde também se encontrava, à época, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Além do desaparecimento, Torres também deve ser indagado sobre a minuta golpista encontrada em sua residência, que tentava mudar o resultado da última eleição presidencial com uma falsa alegação de fraude no processo.