A bancada do PT no Senado reagiu com indignação e tristeza à notícia do assassinato da líder quilombola e do candomblé Maria Bernadete Pacífico, de 72 anos, executada a tiros na noite de quinta-feira (17/8) em sua casa, no município baiano de Simões Filho, região metropolitana de Salvador. A Polícia Federal (PF) já abriu inquérito para apurar o caso. Para os familiares da Yalorixá Mãe Bernadete, como era conhecida, o crime foi encomendado por pessoas com interesse comercial no território ocupado pelo Quilombo Pitanga dos Palmares.
“Toda a nossa solidariedade com a dor dos familiares, amigos e de toda a sociedade baiana, que tanto perde com a morte de Mãe Bernadete, importante líder quilombola. Contamos com a célere apuração, identificação e responsabilização de todos os autores”, afirmou o líder do PT no Senado, Fabiano Contarato (ES).
Indignado, Jaques Wagner, senador pelo PT da Bahia, lamentou o ataque a Mãe Bernadete, que era também dirigente da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq). “Recebi com pesar e indignação a notícia da morte de Bernadete Pacífico. Uma mulher de fibra e de luta, que cobrava justiça pelo assassinato de seu filho Flávio Gabriel Pacífico (Binho do Quilombo)”, afirmou o senador. Binho do Quilombo foi morto também a tiros em 2017, após sofrer uma série de ameaças, em crime até agora não esclarecido.
“Que as investigações em torno desse crime aconteçam com máximo rigor e que os responsáveis por essa barbaridade sejam punidos. Meus sentimentos e minha solidariedade aos familiares, amigos e a toda comunidade do Quilombo Pitanga dos Palmares. Mãe Bernadete, presente!”, bradou Jaques, em suas redes sociais.
O senador Paulo Paim (PT-RS) defendeu punição aos responsáveis pela morte da líder quilombola e religiosa. “Assassinaram Mãe Bernardete. Um crime brutal. Ela era líder do Quilombo Pitanga dos Palmares, Yalorixá e foi secretária de Promoção da Igualdade Racial do município de Simões Filho, Bahia. Incansável na luta pela liberdade religiosa e pela eliminação do racismo e de todas as formas de preconceito e discriminação. Esse crime não pode ficar impune”, cobrou Paim, que apresentou voto de pesar no Senado.
Em entrevista à TV Brasil, o filho de Bernadete, Jurandir Wellington Pacífico, informou que a mãe era ameaçada de morte desde 2016 e avaliou que o assassinato é uma consequência da impunidade do assassinato de Binho do Quilombo, irmão dele e filho de Bernadete.
“É crime de mando, crime de execução, não tem para onde correr”, afirmou. “Eu já perdi meu irmão, já perdi minha mãe, só resta eu, eu sou o próximo.”