Soberania

“A Amazônia é nossa”, escreve Paulo Rocha

O PT considera que a soberania do Brasil sobre a Amazônia é incontestável, não podendo ser relativizada em nome do imprescindível combate mundial às mudanças climáticas
“A Amazônia é nossa”, escreve Paulo Rocha

No programa Fórum Café, exibido na última quinta-feira (23), o grande teólogo Leonardo Boff, um dos grandes expoentes da Teologia da Libertação, afirmou que a Amazônia “deve ser internacionalizada e ter gestão global”. Segundo Boff, “todo o bioma amazônico não pertence só ao Brasil ou aos demais nove países amazônicos; constitui um Bem Comum da Terra e da Humanidade”.

Leonardo Boff é, sem dúvida, um dos maiores intelectuais e homens públicos que o Brasil produziu. A vasta obra e empenho integral de vida dele no combate em prol dos direitos humanos e da eliminação da pobreza e das desigualdades o tornam um patrimônio intelectual e ético não apenas do Brasil, mas de todo o planeta.

Não obstante, para não dar margem a especulações e confusões, devemos esclarecer que o Partido dos Trabalhadores discorda de Leonardo Boff, neste tema específico.

O PT considera que a soberania do Brasil sobre a Amazônia é incontestável, não podendo ser relativizada em nome do imprescindível combate mundial às mudanças climáticas.

Em nosso entendimento, a soberania nacional sobre a Amazônia não implica submetê-la a ações predatórias ou negligenciar nossos compromissos ambientais internacionais, como faz, de forma criminosa, o governo de Bolsonaro. Ao contrário, julgamos ser do autêntico interesse nacional preservar a Amazônia, com sua imensa biodiversidade, proteger os direitos dos povos originários e desenvolvê-la em bases estritamente sustentáveis.

Salientamos que, nos governos do PT, nosso país fez progressos substanciais no que tange à preservação da Amazônia. Assim, em nossas administrações, a redução do desmatamento chegou a 76,27%, em relação aos níveis praticados até o início deste século. Em consequência, as emissões de CO² despencaram de 3,453 bilhões de toneladas, em 2004, para 1,368 bilhão de toneladas, em 2015, último ano do governo do Partido dos Trabalhadores.

Ademais, estabelecemos significativos compromissos internacionais voluntários no que se refere ao combate às mudanças climáticas, que tornaram o Brasil um líder planetário na área ambiental. Tais compromissos assumidos no passado serão consideravelmente ampliados e fortalecidos em nosso provável futuro governo. A preservação da Amazônia e a transição ecológica para uma economia descarbonizada e ambientalmente sustentável terão absoluta centralidade em nossa futura administração.

A Amazônia é nossa. Cabe sobretudo a nós, brasileiros e brasileiras, defendê-la e preservá-la. Não é necessário ou desejável internacionalizá-la. Precisamos derrotar Bolsonaro e retomar um projeto de reconstrução e de soberania do Brasil.

Senador Paulo Rocha (PT-PA), líder do Partido dos Trabalhadores no Senado Federal.

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