Assim como em Curitiba (PR), o Distrito Federal também conta com um ponto de resistência em prol da libertação do ex-presidente Lula. Trata-se do Acampamento Lula Livre, organizado pela Frente Brasil Popular no gramado ao lado do Estádio Nacional de Brasília.
De acordo com o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, a população tem medo de ir às ruas protestar contra a perseguição ao ex-presidente e acabar perdendo o emprego em meio à crise econômica do Brasil. Esse temor, segundo Stédile, torna esses acampamentos ainda mais importantes.
“Acampamentos como este, o de Curitiba e o que está sendo construído no Rio de Janeiro, são muito importantes para reunir uma parcela da nossa militância. E mostrar para a sociedade que há uma vigília, há uma resistência. […] Este acampamento é uma espécie de vigília permanente para alertar a sociedade de que nós não ficaremos quietos enquanto o companheiro Lula não estiver livre”, disse Stédile.
Os manifestantes chegaram ao DF há uma semana também para participar da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária. A última terça-feira (17), aliás, marcou os 22 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás – além de dois anos da aceitação, na Câmara dos Deputados, do processo de impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff.
“Os que golpearam os nossos 19 companheiros lá em Carajás são os mesmos que golpearam a democracia, tiraram a presidenta Dilma, e agora prenderam um homem sem crime [Lula], condenado por uma Justiça golpista”, afirmou Alexandre Conceição, dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e um dos organizadores do acampamento.
Ao todo, estão reunidas em Brasília cerca de 500 pessoas de todo o país. Cada uma com objetivos diferentes na defesa do ex-presidente. É o caso da senhora Gleide Alves Nogueira, de Formosa (GO): para ela, lutar por Lula é também garantir o acesso à terra a sua família.
“Tenho uma mãezinha com quase 100 anos e eu estou aqui lutando por ela e por mim. Espero que o ex-presidente me ajude a conseguir minhas terras de forma mais rápida”, explicou.
A expectativa da senhora Gleide tem um por quê. Em oito anos de mandato, Lula garantiu assentamento para mais de 614 mil famílias, destinando 48,29 milhões de hectares para a reforma agrária, segundo dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
“Lula foi o presidente que nos deu a oportunidade de ter um carro, ter carne melhor na mesa. […] Deu a oportunidade de sermos iguais a todos: o que o rico come, o pobre come. Antes não tínhamos isso”, resumiu Leila Martins, de Niquelândia (GO), que foi ao acampamento pressionar o Incra para acelerar a regularização do assentamento Vida Nova, onde vivem 400 famílias.
O Acampamento Lula Livre, em Brasília, precisa de doações, principalmente água e frango. Para ajudar, dirija-se à barraca “Doações”, que fica próximo ao ginásio Nilson Nelson.