Em seu pronunciamento no Senado Federal, durante depoimento no processo de impeachment, no dia 29 de agosto de 2016, a presidenta Dilma Rousseff já alertava para o desastre que se verificou após o seu afastamento definitivo. Além de denunciar o golpe contra a democracia e a Constituição, Dilma advertiu que o que estava em jogo “era o futuro do País, a oportunidade e a esperança de avançar sempre mais”. Desde então, a sequência de ataques contra os direitos e programas sociais, à indústria brasileira e à soberania confirmaram as palavras da presidenta eleita com 54 milhões de votos.
“O que está em jogo são ganhos da população, das pessoas mais pobres e da classe média; a proteção às crianças; os jovens chegando às universidades e às escolas técnicas; a valorização do salário mínimo; os médicos atendendo a população; a realização do sonho da casa própria”, citou Dilma. De fato, o que se viu nesse último ano foram cortes no Bolsa Família, redução do orçamento das universidades e de programas como o Fies, a transformação do Minha Casa Minha Vida em programa para ricos e o fechamento de farmácias que vendiam remédios a preços populares. Também contrariando as promessas dos golpistas, o governo anunciou uma mesquinha redução de R$ 10,00 no salário mínimo, enquanto o desemprego atingiu cerca de 14,2 milhões de trabalhadores.
Em sua fala histórica, a presidenta Dilma também destacou as ameaças à soberania nacional. “O que está em jogo é, também, a grande descoberta do Brasil, o pré-sal”, disse ela. Não é de se estranhar que, de fato, hoje a gestão Temer adote medidas como a mudança da regra de exploração do pré-sal de partilha para concessão, em prejuízo da Petrobras e dos interesses nacionais. Fato seguido do anúncio da privatização da Eletrobras e da liberação indiscriminada da venda de terras a estrangeiros, além da recente extinção da reserva de mais de 45 mil quilômetros na Amazônia. Ao que se soma a ameaça da entrega do Aquífero Guarani, a maior reserva de água doce do planeta.
A ameaça à inserção soberana de nosso País no cenário internacional ainda foi alvo do pronunciamento da presidenta, mais uma vez certeira em sua preocupação com o futuro do país. Em um ano, o Brasil caiu no conceito internacional, transformando-se em motivo de chacotas na mídia estrangeira, tratado como uma “republiqueta das bananas” pelas sucessivas gafes de seu despreparado interino. Mais do que isso, no entanto, o que desqualificou o Brasil, antes respeitado pelas maiores autoridades mundiais, é a subordinação incondicional aos interesses externos. O Brasil que saiu do mapa da fome é hoje um território subjugado, mas que resiste, aos interesses do sistema financeiro internacional.