O senador Rogério Carvalho (SE), líder do PT no Senado, fez uma série de críticas ao conteúdo da mensagem presidencial enviada por Jair Bolsonaro ao Congresso Nacional e lida, na última segunda-feira (3), pelo ministro Onyx Lorenzoni no início do ano legislativo.
“O governo afirma que combate o viés ideológico nas relações internacionais. Mas no âmbito das relações internacionais o governo Bolsonaro é só ideologia, por se identificar com o antiglobalismo e as críticas ao multilateralismo, as organizações internacionais e a agenda liberal progressista”, destacou.
Na avaliação de Rogério, o alinhamento “acéfalo” do Brasil ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem sido responsável por colocar o Brasil no meio de polêmicas que tem demonstrado o amadorismo do chanceler Ernesto Araújo e do secretário de assuntos internacionais da Presidência.
“Nos tornamos um País que passou a se intrometer em conflitos que podem trazer prejuízos, como atrair o terrorismo para nossas terras. Um país que sempre se manteve equidistante das disputas que ocorreram no mundo, principalmente, entre países árabes e judeus”, disse.
Para o senador Jean Paul Prates (PT-RN), a manifestação mais expressa do alinhamento acéfalo do Brasil com os Estados Unidos é a tentativa do secretário de energia dos Estados Unidos, Dan Brouillette, oferecer ajuda para modelagem dos próximos leilões do petróleo da camada pré-sal.
“A manifestação mais expressa desse alinhamento acéfalo é reconhecer que não temos cérebros para regular os leilões do nosso próprio pré-sal quando o secretário de Energia dos Estados Unidos oferece técnicos e advogados norte-americanos ajudem a elaborar as regras dos leilões do pré-sal brasileiro. Essa é a prova de que, agora, no governo federal não temos competência e nem cérebro para fazer isso”, apontou.
“O Brasil está fora do radar de uma construção no mundo onde as relações multilaterais são cada vez mais importantes e fundamentais para a consolidação da nossa posição no mundo e na economia globalizada”, criticou Rogério.
O governo Bolsonaro, na opinião do senador Rogério Carvalho, se notabilizou, em seu primeiro ano, por não seguir uma orientação pragmática, destruir as pontes dos fóruns multilaterais como o Brics e negar a efetiva aproximação do País com regiões mais distantes do entorno estratégico do Brasil como a Ásia e o Pacífico.
“O Brasil passou a adotar ações imprevisíveis. Há uma incerteza e insegurança com relação ao que o Brasil e Bolsonaro pensam em relação à China, Mercosul e Oriente Médio, gerando grande preocupação da comunidade internacional. O Brasil está fora do radar de uma construção no mundo onde as relações multilaterais são cada vez mais importantes e fundamentais para a consolidação da nossa posição no mundo e na economia globalizada”, criticou Rogério.
“Aquilo que foi apresentado ontem como mensagem do presidente da República ao Congresso Nacional é um somatório de fatos mentirosos, equivocados. Quero crer que ele não acredita naquilo. Se não, realmente nosso País estaria entregue a alguém que vive no mundo da fantasia”, criticou o senador Humberto Costa (PT-PE).