O governo Bolsonaro deu mais uma mostra da sua incompetência e da sua indiferença com a ciência brasileira. Os principais sistemas federais da pesquisa brasileira, as plataformas Lattes e Carlos Chagas, vivem um apagão desde a última sexta-feira (23) após uma falha na área de tecnologia. O problema impacta processos rotineiros relacionados ao fomento à pesquisa, como pagamento, renovações de bolsas e prestações de contas.
Os dois sistemas são de responsabilidade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), responsável pelo fomento à pesquisa no país. O órgão é ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
“O Brasil está completamente desgovernado. A tragédia da ciência no país foi anunciada já no início do governo Bolsonaro. Só não enxergava quem não quisesse. O Congresso Nacional pagou para ver”, criticou o líder do PT, senador Paulo Rocha (PA).
A área da ciência e tecnologia nunca foi uma prioridade do governo Bolsonaro. Tanto que o Brasil ficou para trás na reação global à pandemia. O orçamento do MCTI sofreu redução de 29%. O orçamento total previsto para o ministério neste ano é da ordem de R$ 8,3 bilhões, R$ 3,5 bilhões a menos do que em 2020.
“Ciência e educação nunca foram prioridades por esse governo. Pelo contrário, o trabalho de Bolsonaro e seu gabinete governamental é destruir a ciência”, disse o senador Rogério Carvalho (PT-SE).
A asfixia orçamentária também atinge diretamente o CNPq. A agência de fomento conta, em 2021, com um minguado orçamento de R$ 23,7 milhões, quantia insuficiente para a sustentação da produção científica nacional. Na educação, o quadro não é diferente: o corte foi de 18,16% no orçamento discricionário das 69 universidades federais, o que corresponde a R$ 2,7 bilhões.
Com o servidor fora do ar, pesquisadores e funcionários do CNPq temem que o problema ocasione perdas importantes de informações e dados relacionados a pesquisas.
“O descaso do governo Bolsonaro com a Ciência ultrapassou todos os limites. A Plataforma Lattes está fora do ar há, pelo menos, 4 dias. O problema ameaça os dados de pesquisas e pesquisadores do país”, lamentou o senador Humberto Costa (PT-PE).