Sob a justificativa de acabar com uma rede de corrupção no País, a operação Lava Jato tem sido apontada como um importante fator para a derrocada de diversos setores da economia nacional. Estão nesse grupo as empresas da cadeia de óleo e gás, que desde o início da operação, em março de 2014, já soma um rastro de dívidas, inadimplência e equipamentos estocados em pátios de fábricas.
Reportagem do jornal O Globo desta segunda-feira (5), a partir de dados da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), mostra que as dívidas dessas empresas somam R$ 286 milhões. Deste valor, R$ 198,6 milhões referem-se a equipamentos já entregues, como os da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Além disso, R$ 87,3 milhões sequer foram faturados.
“A puxada de freio da Petrobras significou passar de um plano de negócios [do setor] que previa investimentos de US$ 236,7 bilhões de 2013 a 2017 para uma previsão de US$ 74,1 bilhões no período de 2017 a 2021”, diz a reportagem.
O diretor executivo de Petróleo e Gás da Abimaq, Alberto Machado, explica que não é possível repassar os equipamentos a outros clientes em razão dos contratos existentes.
Outro setor que vive momento similar é o naval. Dos 40 estaleiros que existiam no país, 12 já estão paralisados e, dos 82 mil empregos diretos até 2014, restam apenas cerca de 30 mil.
Economia no buraco
Setor responsável por boa parte das contratações de trabalhadores e trabalhadoras do País, a construção civil vem sofrendo desde o início da operação. Mesmo sob a justificativa de acabar com a corrupção instalada no País, a Lava Jato tem afetado não apenas investigados, mas os negócios da área.
Em artigo publicado no início do ano, o blogueiro Eduardo Guimarães – conduzido a depor de forma arbitrária em março pela operação Lava Jato – alertava que a operação começava a “sabotar a economia”, a partir da prisão dos donos das maiores empreiteiras do Brasil.
“Segundo o Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada – Infraestrutura (Sinicon), que reúne empresas como Odebrechet, Camargo Correa, OAS etc., etc., etc., o faturamento do setor corresponde 3% do PIB. Esse percentual é o da recessão que se instalou no país com a paralisação desse setor da economia por conta de os donos dessas empresas terem sido presos e, consequentemente, os negócios com elas suspensos”, afirmou o blogueiro.
*Com informações do jornal O Globo