O Brasil completa quatro anos sem justiça, sem respostas e sem elucidação sobre o brutal assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL). A parlamentar negra, mãe, filha, irmã, ativista dos direitos humanos, e o motorista Anderson Gomes foram mortos a tiros no dia 14 de março de 2018, no Rio de Janeiro, onde atos marcam esta segunda-feira (14). O Instituto Marielle Franco realiza um festival para cobrar justiça por Marielle e Anderson, no Circo Voador.
Os advogados das famílias de Marielle e Anderson informaram que irão protocolar um mandado de segurança, na manhã desta segunda-feira, no Tribunal de Justiça do Rio. Eles querem o compartilhamento das informações dos autos de investigação sobre os mandantes do assassinato.
“Entendemos que o Estado brasileiro tem a obrigação de fazer cumprir o direito das famílias das vítimas participarem de maneira formal e efetiva da investigação”, dizem o defensor público Fábio Amado, representante das famílias de Marielle e de Anderson, e a advogada Luciana Pivato e Giane Álvares, representantes de Mônica Benício, todos responsáveis pelo caso.
Investigações apontam milícia
Conforme as investigações, o crime teve envolvimento da milícia. Em entrevista à CNN, o diretor para a América Latina e Caribe da Open Society Foundations, Pedro Abramovay, aponta relação do atentado com a potência dos grupos paramilitares.
“Quando começaram as investigações, fomos vendo que foi um crime muito sofisticado, muito bem planejado, e trouxe luz sobre a existência desses grupos de assassinos políticos. Isso dá carta branca para outros assassinatos políticos”, diz.
Executores estão presos, mas mandantes não
Os executores do crime foram presos. Desde 2019, o sargento reformado da polícia Ronnie Lessa e o ex-policial militar Élcio de Queiroz estão detidos. Os dois respondem por duplo homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, emboscada e sem dar chance de defesa às vítimas. Eles vão a júri a popular, mas ainda não há data para o julgamento.
Após 1.461 dias do assassinato, os mandantes não foram descobertos nem a motivação do crime que chocou o Brasil e o mundo. Segundo o Ministério Público, a principal hipótese é motivação política. Para a Polícia civil, o caso é um duplo homicídio.
De acordo com as investigações, Ronnie Lessa foi o autor dos disparos e Élcio de Queiroz dirigia o carro da emboscada. Eles negam participação do crime.
Linha do tempo do crime
No site do Instituto Marielle Franco, além da campanha “Março por Marielle e Anderson”, um compilado com a linha do tempo sobre a crime e 14 perguntas sem respostas, resgatam o ocorrido.
Conforme o instituto, o caso é mais que um marco na história de violações de direitos no Brasil e um atentado contra a democracia, pois “o episódio e sua investigação marcaram a história da polícia fluminense e auxiliaram na abertura de investigações de diversos outros crimes do estado.”
No dia 14 de março de 2018, o Brasil foi abalado pela trágica notícia dos brutais assassinatos da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes. Sob a forte pressão da sociedade brasileira, mas também da opinião pública internacional, as investigações chegaram até os executores, mas não a seu mandante. As famílias de Marielle e Anderson e a sociedade democrática brasileira querem e precisam saber quem foi o mandante, pois na origem desse crime está a mesma motivação política que mata rotineiramente todos e todas que lutam por direitos e justiça no Brasil. A nossa luta para que a justiça seja feita a Marielle e Anderson, com a prisão do mandante desse crime hediondo, vai continuar. Marielle Franco sempre irá inspirar a luta das mulheres, principalmente das mulheres negras por igualdade racial e de gênero e por justiça social – Benedita da Silva, deputada Federal (PT-RJ)
Pedidos de Justiça
Em mais um dia de dor para a democracia, Lula, a presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, e diversos parlamentares, incluindo toda a bancada do PT no Senado, se manifestaram por pedidos de justiça em suas redes sociais.
Quem mandou matar Marielle Franco? E por quê? Já são quatro anos sem respostas diante desse crime bárbaro que resultou ainda na morte do assessor Anderson Gomes. O Brasil quer as respostas e espera que seus responsáveis sejam presos. pic.twitter.com/2YpjMAokUk
— Humberto Costa (@senadorhumberto) March 14, 2022
Quatro anos sem Marielle Franco e Anderson Gomes. Um crime ainda sem respostas, mas que não deixaremos cair no esquecimento. Seremos, como Marielle sempre foi, resistência. Justiça! #mariellepresente https://t.co/D7wkqZzidn https://t.co/k1oOawKeDq
— Fabiano Contarato (@ContaratoSenado) March 14, 2022
Há 4 anos, o Brasil faz uma mesma pergunta: quem mandou matar Marielle e pq? Seguimos sem respostas e com uma investigação muito estranha, com diversas trocas de comandos, sem motivos justificáveis. O que estão tentando esconder? Pq mataram Marielle e Anderson? pic.twitter.com/gCPkuLZQlH
— Rogério Carvalho 🇧🇷 ⭐️ (@SenadorRogerio) March 14, 2022
Há 4 anos, o Brasil e o mundo aguardam resposta para a pergunta: quem mandou matar Marielle e Anderson Gomes? O dia de hoje é um marco da luta contra a impunidade e de clamor por verdade e justiça. pic.twitter.com/yfCpE7g6FW
— Jaques Wagner (@jaqueswagner) March 14, 2022
#4AnosSemRespostas do brutal assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. Quem mandou matar? Precisamos saber! Um crime político impune e um ataque à democracia não podem ser esquecidos!
— Jean Paul Prates (@jeanpaulprates) March 14, 2022
Confira atos e reuniões de “Março por Marielle e Anderson” no portal do Instituto Marielle Franco: https://www.institutomariellefranco.org/4anos
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(Com informações da CNN e do Instituto Marielle Franco)