Senadora apelou para que partidos se unem em defesa da Constituição e da DemocraciaO clima de insegurança e a tensão política no Brasil têm, desde outubro, nome e sobrenome: Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O raciocínio é da senadora Fátima Bezerra (PT-RN) que, em pronunciamento ao plenário nesta terça-feira (8), atribuiu ao presidente da Câmara a articulação de um golpe. “Desde lá, vivemos um clima tenso, resultado de uma arbitrariedade cometida por um homem que, apesar de estar ocupando a cadeira de presidente da Câmara dos Deputados, não tem legitimidade moral alguma para conduzir uma Casa Legislativa dessa magnitude, por estar ele envolvido em inúmeras e graves denúncias”, apontou.
Ela argumentou que, na tentativa de salvar a própria cabeça, Cunha, agora atira contra o regimento interno da Câmara dos Deputados e, principalmente, contra a Constituição. “E é bom que se diga que ele também só consegue isso por ter ao seu lado setores da oposição que, inconformados com a perda nas urnas, agora apoiam atitudes ilegais em uma suposta defesa da Constituição”, acusou.
A senadora referia-se, especificamente, às regras da escolha dos membros da comissão que vai julgar o pedido de impeachment da presidenta. ”Como esse pedido de impeachment não tem embasamento legal, não tem embasamento jurídico, isso está revoltando a sociedade brasileira”, observou. “Ontem, no final da tarde, em mais um ato arbitrário, de quem não de quem não tem qualquer apreço pela democracia e pelas instituições democráticas, Cunha rasgou os ritos previstos para um processo dessa magnitude”, queixou-se a senadora.
Ela disse que o presidente da Câmara quer interferir na escolha dos membros da comissão especial que elaborará parecer sobre o pedido. “Ele fez isso em conivência, em conluio com os líderes da oposição”. E citou nominalmente os líderes que, segundo afirmou, “se prestam a se aliar a um chantagista”. São eles os deputados Carlos Sampaio (PSDB-SP), Rubens Bueno (PPS-PR), Paulinho da Força (SDD-SP) e Mendonça Filho(DEM-PE). “Isso é um desrespeito total ao processo de representatividade, tão caro à nossa sociedade, e que existe justamente para garantir a pluralidade de visões”, afirmou.
Para Fátima, o que está em questão nesse momento é a defesa da Constituição e da Democracia. “Por isso, nós esperamos contar com os partidos não só da base, mas com os outros partidos também, mesmo os que não tenham alinhamento político com o governo, para que possamos, realmente, formar uma frente forte, em defesa da legalidade democrática e garantir a soberania popular, respeitando os 54 milhões de votos que a Presidenta Dilma teve e o seu mandato, concluiu.
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