Acostumado a não ser contrariado em suas campanhas pela alta dos juros, o mercado se surpreendeu e reagiu mal ao primeiro corte do ano na Selic realizado pelo Copom. Utilizando-se de fórmulas matemáticas “técnicas”, como se a economia fosse uma ciência exata e não social, alardearam que a inflação em alta, possivelmente com estouro da meta, recomendava um aumento da Selic, não sua redução. Entre essa reunião do Copom e a realizada na semana passada, que manteve a trajetória de cortes, o mercado mudou um pouco seu comportamento. É claro que tentou uma nova rodada de “pressão pré-Copom”, mas, em linhas gerais, diz-se que os agentes econômicos entenderam a sinalização do Banco Central e reajustaram suas expectativas para os próximos meses. Basicamente, o mercado tenta emplacar profecias autorrealizáveis, ou seja, ao sistematicamente difundir a ideia de alta de inflação e da necessidade de elevação dos juros, vai conformando as expectativas para algo próximo do que pretende.