A postura do governo federal diante da variante Ômicron do novo coronavírus causou indignação aos senadores do Partido dos Trabalhadores. Não bastassem as 614 mil mortes por Covid-19 no país, número cinco vezes maior que a média mundial, o presidente negacionista Bolsonaro já se manifestou contra medidas de isolamento e de proteção, como a exigência do “passaporte da vacina” para quem chega do exterior.
“É inaceitável”, reagiu o senador Rogério Carvalho (PT-SE). “A maior parte dos países solicita cartão de vacinas e testes feitos com antecedência para estrangeiros. Isso é uma forma de proteger a vida de seu povo, é sagrado! Proteção e respeito que o Bolsonaro nega aos brasileiros”, afirmou.
Na sexta (26), a Organização Mundial da Saúde A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a Ômicron como uma “variante de preocupação” pelo alto grau de transmissão.
Rogério anunciou que apresentará um projeto de lei para exigir a apresentação do cartão de vacinação de estrangeiros que visitarem o Brasil. Ele rendeu apoio à recomendação divulgada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), também na sexta-feira, de restringir entrada no país de pessoas que tenham visitado, nas últimas duas semanas, África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue, focos da Ômicron.
A medida foi, no entanto, criticada pelo presidente da República, que pretende ignorar a recomendação. “Bolsonaro precisa respeitar os brasileiros. Nós do Congresso Nacional, vamos proteger a vida! Vamos seguir a orientação da Anvisa”, afirmou Rogério.
Para o senador Humberto Costa (PT-PE), “mesmo após 614 mil mortos, grande parte devido à falta de políticas de prevenção que deveriam ter sido adotadas por seu governo, Jair Bolsonaro insiste trabalhar a favor da Covid-19”.
“Enquanto o planeta não pensar numa solução coletiva, para todos, países ricos e pobres, estaremos sempre alertas às novas mutações. Essas, com estratégia e pesquisa, a ciência pode combater. O problema é que ainda não inventaram vacina para a ignorância e o negacionismo”, lamentou.
O senador Paulo Paim (PT-RS) defendeu a exigência de cartão de vacinação de visitantes e criticou a discriminação contra a população africana, para quem a vacinação ainda é incipiente, o que contribuiu para o surgimento a nova cepa do vírus.
“Todos os continentes registram casos da variante Ômicron. O mundo precisa de bilhões de doses de vacinas. Apenas 10% dos africanos foram imunizados, o que é uma discriminação. Os laboratórios farmacêuticos e os países ricos precisam entender que as questões econômicas não podem estar acima do direito à vida. Todos têm direito a serem vacinados”, afirmou Paim.
Quebra de patentes
O senador lembrou ainda que a derrubada do veto 48 na sessão do Congresso prevista para esta semana vai possibilitar a fabricação de vacinas em grande escala e a preços menores. O projeto vetado por Bolsonaro prevê a quebra de patentes das vacinas contra a Covid-19 para que a produção possa chegar aos países mais pobres. “Os laboratórios farmacêuticos e os países ricos precisam entender que as questões econômicas não podem estar acima do direito à vida”, justificou.
Pelo mesmo motivo, o presidente Lula se tornou um dos signatários da iniciativa do Yunus Centre, do Nobel de Economia Muhammad Yunus, para que a vacina contra o coronavírus seja um bem comum global, distribuída gratuitamente para todos os seres humanos.
O abaixo-assinado foi lançado neste domingo (28) por 105 personalidades globais, entre ex-chefes de Estado, prêmios Nobel, empresários, líderes religiosos e ativistas como Malala Yousafzai, Bono Vox, Anne Hidalgo, Adolfo Pérez Esquivel, Mikhail Gorbachev, Mary Robinson, George Clooney, Desmond Tutu, Mo Ibrahim, Matt Damon, Leymah Gbowee, Romano Prodi, Vicente Fox e Samuel Khan, entre outros.
“O mundo não pode tratar as vacinas contra a Covid-19 como mercadoria ou privilégio de alguns. Elas são um direito universal e um requisito obrigatório se quisermos superar a pandemia e eliminarmos o risco de novas variantes”, afirmou Lula.
(Com informações da Agência PT de Notícias)