Ângela: “É inadmissível restringir o alcance desse que é o maior programa de transferência de renda do mundo”A senadora Ângela Portela (PT-RR) afirmou hoje que fazer qualquer corte no Programa Bolsa Família seria inadmissível. Afinada com a presidenta Dilma Rousseff – que, na manhã desta quinta-feira (29), garantiu que não haverá cortes em programas sociais -, a parlamentar se disse surpresa com a informação de que o relator do orçamento, deputado Ricardo Barros (PP-PR) pretende propor um corte de R$ 10 bilhões nos recursos do programa.
“Embora eu reconheça as dificuldades orçamentárias do governo e a necessidade de ajustar as contas públicas para que o País retome o rumo do crescimento, é inadmissível restringir o alcance desse que é o maior programa de transferência de renda do mundo, responsável por retirar o Brasil do mapa vergonhoso da fome”, disse.
Ela defendeu que cortes nos programas sociais para garantir um orçamento equilibrado é uma saída indefensável. “Há outras áreas que podem ser chamadas a contribuir antes de propor um sacrifício maior às parcelas mais vulneráveis da população”, destacou.
Ângela apresentou dados sobre o programa que hoje atende a mais de 14 milhões de famílias dos quatro cantos do Brasil, assegurando o acesso à saúde, à alimentação e à educação. “Muito além de retirar as pessoas da extrema pobreza, ao colocar comida na mesa dos mais pobres, o programa ajudou diretamente na redução da mortalidade e no trabalho infantil, colocou milhões de crianças na escola e contribuiu, definitivamente, na geração de empregos e no fortalecimento da nossa economia”, recordou.
A senadora disse ainda que não é possível considerar como gastos os recursos despendidos no Bolsa Família. “Eles (os recursos) devem ser vistos como investimentos”, recomendou. Até porque, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), cada real investido no programa se transforma em RS 1,78.
“Em suma, o Bolsa Família aumenta o mercado de consumo, aquece a economia e o comércio como um todo, uma vez que está presente em todos os municípios brasileiros”, enfatizou.
Em aparte, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse que não é possível, nem justo, fazer o ajuste fiscal focado na população mais pobre do País. “Não é possível, não estamos aqui para buscar a confiança do mercado e agradar o mercado. Estamos aqui para representar o povo brasileiro. E a maioria do povo brasileiro precisa do apoio do Estado”, afirmou.
Gleisi acrescentou que o Bolsa Família é um programa do Estado brasileiro. “Um programa que custa muito pouco no orçamento da União em comparação com outros subsídios”, destacou. A senadora paranaense sugeriu ao relator do Orçamento, que também representa o estado do Paraná, que proponha o corte das emendas parlamentares ou a redução de benefícios tributários e lucros e dividendos para outras áreas “em que os mais ricos ganham”.
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