“A prioridade zero, outra vez, é a mesma que eu disse em dezembro de 2002, não tem que mudar uma única palavra. Se, quando eu terminar este mandato, cada brasileiro estiver tomando café, almoçando e jantando, outra vez eu terei cumprido a missão da minha vida”. A frase do presidente Lula, dita poucos dias após vencer as eleições, mostra o tamanho do buraco no qual o governo anterior deixou o Brasil.
A falta de acesso regular a uma alimentação adequada por grande parte da população brasileira tem sido um dos principais desafios enfrentados pela sociedade ao longo dos últimos anos.
O país havia saído do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2014, durante o governo Dilma Rousseff, por meio de estratégias de segurança alimentar e nutricional aplicadas desde meados da década de 1990. Mas voltou a figurar no cenário a partir de 2015, no governo Temer, obtendo um especial agravamento ao longo da pandemia de Covid-19 que afetou o mundo todo por dois anos a partir de 2020.
“O Brasil que vamos reconstruir é esse: sete entre dez crianças passam por alguma restrição alimentar todos os dias no Brasil. Mais de 700 mil crianças entre zero e cinco anos estão desnutridas, fruto de um governo federal sem planejamento e sem sensibilidade social”, disse o senador Wellington Dias (PT-PI).
Em 2022, o Segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19 no Brasil apontou que 33,1 milhões de pessoas não têm garantido o que comer — o que representa 14 milhões de novos brasileiros em situação de fome. Conforme o estudo, mais da metade (58,7%) da população brasileira convive com a insegurança alimentar em algum grau: leve, moderado ou grave.
Os dados foram coletados entre novembro de 2021 e abril de 2022, por meio de entrevistas em 12.745 domicílios em áreas urbanas e rurais de 577 municípios distribuídos nos 26 estados e no Distrito Federal. Pesquisa anterior, de 2020, mostrava que a fome no Brasil tinha voltado para patamares equivalentes aos de 2004, ainda no primeiro mandato de Lula. A piora no cenário econômico o acirramento das desigualdades sociais e o segundo ano da pandemia do coronavírus, aliados à política negacionista de Bolsonaro, agravaram a situação.
Os dados mostram a urgência que motivou o governo Lula, mesmo antes de tomar posse, viabilizar recursos no orçamento público para, entre outras coisas, fortalecer os programas sociais de combate à fome à miséria, por meio da PEC do Bolsa Família.
“A fome tem pressa. Este é um compromisso de Governo Lula e precisamos combater agora”, completou Wellington Dias.