A atuação de Bolsonaro deve ser considerada, no mínimo, desastrada quando o assunto é a saúde pública. A população acompanha assustada as desavenças entre o presidente e seu ministro da Saúde no que deve ser um caso único no planeta em que o presidente dá orientações distintas daqueles do ministro que ele mesmo escolheu para compor sua equipe.
Mas as confusões de Bolsonaro começaram ainda antes de tomar posse em janeiro do ano passado. Com preconceito exalando de cada palavra acerca do trabalho dos médicos cubanos que atuavam no Brasil no programa Mais Médicos, por meio de convênio com a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS).
Enquanto Bolsonaro deixou a população brasileira desassistida, a Itália recebeu sob aplausos médicos cubanos que desembarcaram naquele país para auxiliar o combate ao novo coronavírus.
“Mais uma vez Cuba se revela uma potência em saúde pública e uma referência em solidariedade para o mundo. O ideologismo de Bolsonaro nos relega à desasistência, ao desamparo e nos trará graves consequências”, alertou o senador Rogério Carvalho (SE), líder do PT no Senado, e relator do projeto de criação do programa Mais Médicos, à época, na Câmara dos Deputados.
Bolsonaro agrediu os médicos cubanos que atuavam, em sua grande maioria, nas regiões de periferias das grandes cidades e em regiões nas quais a assistência básica à saúde era tida como deficitária. Ele chegou a dizer que usaria o teste “Revalida” para expulsar os cubanos do Brasil.
Hoje, em meio a pandemia do novo coronavírus, quase dez mil médicos que estavam espalhados por milhares de cidades brasileiras seriam essenciais no combate ao COVID-19, já que Bolsonaro nunca conseguiu repor os profissionais que ele mesmo dispensou por puro preconceito.
“As responsabilidades de Bolsonaro pelas consequências da pandemia vão além das suas declarações irresponsáveis. Bolsonaro também precisa ser culpabilizado pelo desmonte do SUS e pelo fim do programa Mais Médicos”, aponta o senador Humberto Costa.
Entre 2014 e 2018, cerca de 20 mil colaboradores cubanos prestaram atendimento a mais de 110 milhões de pacientes, atingindo um universo de aproximadamente 60 milhões de brasileiros por meio do programa Mais Médicos e do convênio firmado entre Cuba, Brasil e OPAS.
Graças ao Mais Médicos, criado pela ex-presidenta Dilma Rousseff, em 2013, mais de 700 municípios tiveram um médico pela primeira vez. Num ato premeditado e anunciado ainda durante o período eleitoral, Jair Bolsonaro anunciou a intenção de “dar uma canetada mandando 14 mil médicos cubanos para Cuba, quem sabe, ocupando Guantánamo, que está sendo desativado”.
Em meio a pandemia do coronavírus, médicos cubanos são recebidos com aplausos na Itália. Durante os governos do PT, Brasil chegou a ter 11.000 destes profissionais atendendo a população mais carente. Cubanos deixaram o país após ações desastrosas do governo Bolsonaro. pic.twitter.com/32gSqf0K9G
— Humberto Costa (@senadorhumberto) March 22, 2020
Leia mais:
Preconceito de Bolsonaro quebrou espinha dorsal do Mais Médicos