A bancada do PT no Senado reagiu com perplexidade a informação de que, menos de um mês após a posse, o ministro da Saúde, Nelson Teich, tenha pedido demissão em decorrência das pressões sofridas por parte de Jair Bolsonaro. O Presidente da República continua com sua posição negacionista em relação à pandemia, tentando forçar a reabertura econômica com o enfraquecimento do isolamento social e a adoção do uso da cloroquina como solução para a Covid-19, contrariando todos os estudos e recomendações científicas.
“Dois ministros da saúde saem em meio à pandemia. Troca comando, troca equipe no Ministério, faltam testes, atrasa entrega de EPIs para hospitais, atraso na contratação de médicos. Uma bagunça. Enquanto isso, 14 mil famílias choram a perda de seus familiares. Esse governo é assassino”, classificou o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE).
Para o senador Jean Paul Prates (PT-RN), Bolsonaro promove a troca no Ministério da Saúde para desviar o foco das graves acusações de ingerência no comando da Polícia Federal e agressões a governadores que tem adotado o caminho orientado pelos cientistas em todo o mundo.
“Enquanto o mundo luta contra um vírus letal pandêmico, o presidente do Brasil reveza ministros até encontrar um que acate e implemente exatamente suas convicções totalmente leigas a respeito do combate à Covid-19, incluindo protocolos ineficazes e tratamentos não comprovados”, criticou.
Teich tomou posse em 17 de abril. Essa é a segunda saída de um ministro da Saúde em meio à pandemia do coronavírus. Teich havia substituído Luiz Henrique Mandetta. Assim como Mandetta, Teich também apresentou discordâncias com o presidente Jair Bolsonaro sobre as medidas para combate ao coronavírus.
“Estamos em meio a uma terrível pandemia que já ceifou milhares de vidas. E o governo de Jair Bolsonaro brinca de fazer rodízio no Ministério da Saúde. Tudo obra de um presidente genocida que nega a ciência e quer levar milhares à morte”, apontou o senador Humberto Costa (PT-PE).
O senador Paulo Rocha (PT-PA) avaliou que Bolsonaro “está brincando de governar um País” e apontou que essa atitude irresponsável do governo cobrará seu preço. “Nelson Teich agora é ex-ministro da saúde, pediu exoneração nesta manhã. Alguma dúvida de que foi pressionado a isso? Alguma dúvida de que Bolsonaro está brincando de governar um país e o preço desse jogo são nossas vidas? “, questionou.
Na avaliação do senador Paulo Paim (PT-RS), presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH), Bolsonaro mostra que o povo brasileiro está abandonado à sua própria sorte em meio à pandemia. “Em três meses de pandemia, vamos ter um terceiro ministro da Saúde. O povo está abandonado à própria sorte. Pessoas e famílias inteiras sofrendo com mortes de entes queridos. Com o país sem rumo, onde vamos parar? “, questionou.
Já o senador Jaques Wagner (PT-BA) ironizou o pedido de demissão de Nelson Teich. Para ele, a saída do médico não causa estranheza. “Eu não estranho a saída. Estranho é um médico sério ter entrado no Ministério”, disse.