A política armamentista de Jair Bolsonaro ganhou um novo capítulo às vésperas da eleição. O Brasil registrou, nos dois meses, que coincidem com o início da campanha eleitoral, um salto na média de armas registradas por mês. Esse índice saltou de 22 mil, no primeiro semestre, para 37 mil. Uma alta de 70% em comparação à média entre períodos no registro de armas feito por caçadores, atiradores e colecionadores (CACs).
De acordo com reportagem do UOL, até então, a maior média de armas registradas no Sistema de Gerenciamento Militar de Armas (Sigma) tinha sido em 2021, quando o país ganhou mais de 250 mil armas em 12 meses. No dia 6 de setembro, segundo dados do Exército, existiam 1.731.295 armas de fogo registradas no Sigma. Dessas, 60.946 certificados de registro (CRAF) vencidos.
“O Brasil está vendo o risco que é o aumento da circulação de armas no país. Até mesmo quem estava em prisão domiciliar tem acesso a um verdadeiro arsenal com essa facilitação. É preciso urgentemente rever as medidas adotadas no Brasil por este governo, que efetivamente não tem compromisso com a segurança pública, apenas em armar a população sem a mínima regularização. Arma só protege nas mãos das forças de segurança”, disse o senador Paulo Rocha (PA), líder da bancada do PT.
O calibre de fuzil usado pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), aliado de Jair Bolsonaro, para atirar 50 vezes contra policiais federais no último domingo (23) teve expressiva alta de registros na Polícia Federal desde o início do atual governo.
Dados reunidos desde 2012 pela Polícia Federal e obtidos pelo UOL via Lei de Acesso à Informação (LAI) apontam que, em três anos e nove meses de governo Bolsonaro, foram 7.651 novos fuzis calibre 5.56 mm no país. Isso significa mais que o dobro das 3.739 armas do tipo cadastradas entre 2012 e 2018.
A diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, explicou que a alta recente no registro de armas de fogo só reforça o que “já vinha sido discutido de forma recorrente, que há um aumento de armas nas mãos dos CACs”. Segundo ela, é comum em outros países, como nos Estados Unidos, que em ano eleitoral exista uma corrida armamentista.
“Lá mais gente procura arma porque existe o medo de que um democrata ganhe e de que haja mudanças na legislação. Então há uma corrida para garantir a arma enquanto a lei é favorável. A minha hipótese é que, muito possivelmente, isso tenha acontecido no Brasil”, avaliou em entrevista ao UOL.