Numa nova escalada contra a democracia brasileira e desprezando as recomendações das autoridades sanitárias, o presidente Jair Bolsonaro voltou às ruas para demonstrar que não tem qualquer apreço às instituições democráticas e ao combate à pandemia do coronavírus. Nesse domingo, 3 de maio, Bolsonaro voltou a estimular ataques ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal, diretamente da Praça dos Três Poderes, numa clara ofensa às instituições do país. O Brasil tem agora 7.025 mortes provocadas pela Covid-19 e 101.147 casos confirmados da doença em todo o País.
O bolsonarismo reuniu centenas de pessoas em Brasília, realizando carreata em plena Esplanada dos Ministérios. Jornalistas foram agredidos com chutes, murros e empurrões por bolsonaristas. A ameaça do presidente foi explícita: “Vocês sabem que o povo está conosco, as Forças Armadas ao lado da lei, da ordem, da democracia, liberdade também estão ao nosso lado”, disse Bolsonaro.
“Vamos tocar o barco, peço a Deus que não tenhamos problema nessa semana, porque chegamos no limite, não tem mais conversa, daqui para frente, não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição, ela será cumprida a qualquer preço. Amanhã nomeados novo diretor da PF, e o Brasil segue seu rumo”, afirmou. “Não vamos mais admitir interferência, acabou a paciência. Vamos levar o Brasil para frente”, ameaçou.
Na avaliação do líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), Bolsonaro mostra desespero ao provocar nova aglomeração e afrontar a democracia quando está acuado com as denúncias de corrupção que pesam contra si e seu governo. “Bolsonaro volta a promover aglomeração e afrontar instituições democráticas. Acuado com acusações contra ele e sua família, diz esperar não ter problemas na próxima semana, e usa as forças armadas como ‘escudo’ para se proteger. Bateu o desespero?”, questionou.
O senador Paulo Rocha (PT-PA) também destacou o fato de Bolsonaro se sentir acuado por conta das denúncias de corrupção. Isso, na avaliação do parlamentar, faz com que Bolsonaro intensifique os ataques à democracia.
“Quanto mais fica acuado, mais Bolsonaro intensifica ataques aos pilares democráticos e dispara mentiras contra os que condenam seus métodos ditatoriais. Já passou da hora de serem tomadas atitudes judiciais drásticas em relação ao presidente da República”, disse.
O senador Humberto Costa (PT-PE) também reagiu classificando como “inaceitável a atitude de Bolsonaro no último final de semana. “Bolsonaro volta a apoiar ato contra STF e Congresso e diz que Forças Armadas estão ‘ao lado do povo’. É inaceitável”, criticou.
Já o senador Jaques Wagner (PT-BA) aponta que as ações antidemocráticas de Bolsonaro, além de rebaixar ainda mais a imagem do Brasil no exterior, se refletirá com impacto negativo na economia do País.
“O presidente precisa de um conflito por semana. Lá fora ele é ridicularizado, o que é uma tristeza e rebaixa a imagem do país. Nós estamos perdendo espaço e isso vai se refletir na área econômica. Ele não governa. Só faz uma trama eleitoral para 2022”, avaliou.
O senador Jean Paul Prates (PT-RN) apontou que a hashtag levantada pelos apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais deixam uma mensagem subliminar de apoio ao fechamento das instituições democráticas.
“É óbvio que todos já perceberam que a hashtag ‘FechadoComBolsonaro’ tem o duplo sentido: o apoio ao dito e o fechamento do Congresso e STF, não é? Encontraram muitas formas de se atentar contra a Constituição Cidadã neste governo, tanto ostensiva quanto subliminarmente”, apontou.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH), senador Paulo Paim (PT-RS), indica a necessidade de o Brasil ter, no momento, uma concertação nacional para socorrer as vítimas da Covid-19.
“Milhares estão morrendo da Covid-19 e milhões amargam o desemprego, a pobreza, a miséria. Neste momento, em que precisamos de uma concertação nacional, é um erro incentivar atos contra as instituições democráticas. A saúde está na UTI e agora o governo quer colocar também na UTI a nossa democracia”, criticou.
Ataques à imprensa
A presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), rechaçou os ataques à democracia e à imprensa e denunciou o presidente por desprezar as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) de evitar aglomerações e atentar contra a democracia.
“Não é possível que o jogo da morte e o desprezo pela democracia tenham continuidade a cada final de semana, com o presidente da República ameaçando o Judiciário e o Legislativo, e a horda de fascistas que o apoiam ataca a imprensa e a oposição, tentando calar quem denuncia o arbítrio”, reagiu a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann.
Com informações da Agência PT de Notícias