Ministro Mauro Borges alertou que |
Em audiência pública, nesta quinta-feira (8), na Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges Lemos, afirmou que provavelmente no início de junho será levado à União Europeia uma proposta de acordo bilateral com o bloco de países do Mercosul. “A proposta do Brasil é que a gente conclua na semana que vem a oferta do Mercosul. Nós estaremos prontos para trocar ofertas no final de maio. Se houver atraso, qualquer adiamento será uma responsabilidade da União Europeia e não do Mercosul. Vamos deixar isso claro. Vamos deixar um pouco o complexo de vira-lata de lado”, afirmou.
O ministro Mauro Borges destacou que o Brasil está numa posição de protagonista na elaboração do acordo e parte do Mercosul a proposta de acordo comercial que será oferecida à União Europeia. “Ao contrário do que muitas vezes tem se falado, a tarifa de importação de produtos agrícolas na União Europeia é elevadíssima. Ela funciona com esquema de cotas, onde a cota do Mercosul e, particularmente, do Brasil, é muito pequena. O que a gente quer é multiplicar por quatro ou cinco vezes o volume de exportação de produtos agrícolas para a Europa, porque nossas cotas são diminutas. Se você exportar extra cota (acima) há um imposto de exportação que inviabiliza a efetivação desse comércio”, explicou.
Segundo Borges, o Brasil poderá aproveitar suas vantagens competitivas, não apenas do setor agrícola, mas também dos setores industrial e de serviços. Isso pelo fato de que, a partir de 2000, inúmeras empresas brasileiras atravessaram as fronteiras para se estabelecer em outros países. “Hoje, nós temos uma relação de investimento cruzado em torno de uma (empresa) para seis. Nos Estados Unidos é um para quatro. Há trinta anos, a gente não imaginava que seria possível estar investindo tão fortemente nos Estados Unidos e na Europa. Acredito que o acordo da União Europeia vai acelerar fortemente os investimentos brasileiros na Europa”, prevê.
Durante a audiência, o ministro também desfez a imagem de que o Mercosul iria mal das pernas ao apontar que, no período de 1991 a 2012, o comércio do Brasil com os países do bloco cresceu 12 vezes, atingindo o pico em 2011, com o valor de US$ 53 bilhões. Em termos absolutos, de acordo com Mauro Borges, o comércio com a Argentina e com o Mercosul aumentou significativamente, inclusive durante a crise de 2008. “Portanto, queria deixar muito claro que nós tivemos um salto mesmo no período de crise. Inacreditavelmente, a taxa de crescimento do comércio do Brasil com a Argentina foi de mais de 6% ao ano, de 2008 para cá”, disse ele.
Mauro Borges disse que se engana quem critica o Mercosul e diz que o comércio entre os países integrantes não é dinâmico. Segundo o ministro, não há exemplo de relação bilateral de outros acordos regionais em que houve um dinamismo comercial em plena crise mundial como o do Brasil com a Argentina. Para ele, não dá para pegar uma questão específica, que é a dificuldade de divisas no curto prazo que a Argentina viveu nos últimos seis meses do ano passado e analisar toda a estrutura do acordo sem considerar outros avanços. “Isso seria um equivoco, é uma visão de curto prazo, imediatista, que não é uma boa política de comércio internacional”, afirmou, acrescentando que todas as políticas de comércio internacional são políticas estruturais e de longo prazo, com visão estratégica de geopolítica. “Então, não vamos olhar para o imediatismo sem olhar para a estrutura desse comércio que é altamente vantajoso para o Brasil”.
Marcello Antunes