Brasil é um dos poucos países que terá crescimento este ano

Brasil é um dos poucos países que terá crescimento este ano

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta terça-feira (22/05), durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que o Brasil e alguns países da América Latina, a China e a África do Sul vão apresentar crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima de 2% este ano – a previsão é que o País cresça 4,5% – em detrimento das previsões negativas para o desempenho das economias de países da Europa e da América do Norte. O recrudescimento da crise na Europa, principalmente a partir da economia grega, está sendo monitorada pelo governo brasileiro, mas a crise de agora em nada se parece com a de 2008, quando estourou a crise financeira nos Estados Unidos.

Segundo Mantega, o problema para a Zona do Euro sair da crise está justamente ligada à estratégia europeia de impor uma política de austeridade fiscal desacompanhada de políticas pró-crescimento, cujo efeito prático tem se mostrado ineficaz. A possibilidade aventada de a Grécia abandonar o euro, na avaliação do ministro, fará ressurgir o risco de problemas bancários na União Europeia e nos Estados Unidos. “Vários bancos carregam dívidas da Grécia, da Espanha, da Finlândia e isso afeta de forma geral todos os outros países dependentes da Zona do Euro”, afirmou.

Para o ministro, a partir do momento que os dois maiores mercados do mundo se retraem, por conta da austeridade, o desempenho do crescimento dos países emergentes acaba sendo influenciado. “Portanto, se instaura em nível mundial intranquilidade e preocupação, o que acaba sendo chamado de aversão ao risco, onde os credores retiram seus recursos e levam para lugares seguros, como os Estados Unidos ou Alemanha. A esse movimento damos o nome de fuga de capitais de um modo geral”, explicou.

O governo brasileiro contará com seu amplo mercado interno para manter a atividade econômica e utilizará medidas para reativar a economia como fez em 2008. “O Brasil está até mais preparado do que antes, quando enfrentou a maior crise mundial dos últimos 80 anos. Hoje temos US$ 380 bilhões em reservas cambiais. Em 2008 tínhamos menos de US$ 200 bilhões. A nossa relação dívida/PIB é menor e temos mais instrumentos para eventuais intervenções, que estão disponíveis. Além disso, nós aprendemos com aquilo que fizemos no passado”, disse Mantega.

Desta vez, o Brasil dispõe de mais recursos mantidos na forma de depósito bancário – cerca de R$ 440 bilhões, ante R$ 200 bilhões de 2008 – o consumo no varejo cresceu no mês passado 6,8%, indicando que o mercado interno do País tem musculatura para ultrapassar a crise; a inflação está sob controle; há solidez fiscal; o câmbio chegou a um patamar favorável para os exportadores e há iniciativas para ampliar o crédito e reduzir os juros, sem contar que a renda dos trabalhadores tem crescido sistematicamente. “O governo busca reduzir o custo financeiro das pessoas e das empresas e vamos manter reformas na área tributária e dar continuidade às desonerações. O próximo passo é reduzir o custo da energia elétrica e da logística”, anunciou. “O ideal é acelerar os investimentos privados, que são importantes, por causa do volume e também os investimentos públicos, porque funcionam como indutores do crescimento”, completou.

Gasolina

Por ora, está descartado um aumento nos preços da gasolina. Segundo o ministro, embora a cotação do dólar tenha chegado à marca dos R$ 2,00, nota-se no mercado internacional uma queda nas cotações do barril de petróleo. Esse movimento, na avaliação do ministro, funciona como um amortecedor e assim evita um reajuste nos preços da gasolina.

Marcello Antunes

Confira a apresentação do ministro Guido Mantega

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