Rogério Carvalho

Brasil não vai crescer sem retirar amarras do contracionismo

Senador Rogério Carvalho questionou o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre planos do governo para socorrer a economia brasileira e a população afetada pela pandemia do novo Coronavírus
Brasil não vai crescer sem retirar amarras do contracionismo

Foto: Alessandro Dantas

O líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), mostrou preocupação com os desdobramentos da pandemia no novo Coronavírus e seus impactos sociais e econômicos na reunião realizada pela reunião da Comissão Mista de Acompanhamento das Medidas Relacionadas ao Coronavírus com a presença do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Na avaliação do senador, o Brasil não conseguirá sair da crise econômica pela qual o Brasil passa, e agravada pela pandemia, sem deixar de lado as amarras criadas pelas políticas “contracionistas” defendidas pelo ministro Guedes e sem a utilização de investimento público.

“O espaço fiscal criado pela Emenda Constitucional 95 [teto de gastos], as reformas [do atual governo] e o contracionismo da política econômica geram uma regra fiscal que fica submetida ao teto. Qual a possibilidade de alavancar a economia com o teto impedindo o investimento público? Haverá investimento público, política para geração de emprego e renda pós-pandemia?”, indagou.

Em sua resposta, o ministro argumentou que o Brasil está contendo o excesso de gastos para aplicar recursos no combate a crise da saúde. Segundo ele, não pode haver um oportunismo político com recursos públicos que se transforme “numa farra eleitoral”.

A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou, ontem (29), relatório classificando de “irresponsáveis” as medidas adotadas pelo governo Bolsonaro diante da pandemia de coronavírus.

No documento, dois especialistas em direitos humanos da ONU afirmam que “o sistema de saúde enfraquecido está sobrecarregado e está colocando em risco os direitos à vida e à saúde de milhões de brasileiros”. Sobre a acusação de que o governo brasileiro tem priorizado as políticas econômicas, preocupando-se com a economia em detrimento da vida humana, os especialistas são taxativos: “Economia para quem?”

O líder da bancada do PT ainda questionou o ministro Paulo Guedes sobre a possibilidade de ampliação do prazo inicial para concessão do auxílio emergencial de três meses para os cidadãos afetados pela pandemia.

O ministro se limitou a responder que a preocupação do senador Rogério Carvalho “é um pensamento legítimo”. Mas demonstrou que sua preocupação, no momento, é que a produção não seja interrompida no Brasil. Além disso, o ministro aproveitou a oportunidade para atacar a Venezuela.

“Quanto mais dinheiro der [para a população], podemos cair na situação da Venezuela. Todo mundo com dinheiro na mão e as prateleiras vazias. É importante que a produção também exista. Não se pode interromper os sinais vitais da economia”, disse.

O senador ainda questionou o representante do governo Bolsonaro sobre a possibilidade de o governo federal interferir no setor privado de saúde para garantir a ampliação de leitos de UTI para o atendimento à população atingida pela Covid-19. A bancada do PT no Senado apresentou projeto para garantir o uso compulsório de leitos privados disponíveis para a utilização de pessoas acometidas pelo novo Coronavírus independentemente de sua condição social.

“Nós vamos precisar dos leitos do setor privado e do setor público. Se não, será uma pandemia que vai ser seletiva. Matar os pobres e proteger os ricos. Não seria fundamental discutir com os planos de saúde, com o setor privado para que o setor de terapia intensiva fosse integrado para atender a todos os brasileiros independente da condição social?”, questionou.

Apesar da importância da questão, o ministro não esclareceu se existe algum planejamento, neste sentido, dentro do governo Bolsonaro.

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