Brasil precisa de 6 milhões de profissionais estrangeiros, calcula SAE

Neri afirma que a nova estratégia “leva em conta a necessidade atual de mão de obra qualificada, mas mantém o cuidado com o trabalhador brasileiro”. “Não é uma abertura de porteira”.

Médicos e engenheiros. São esses os profissionais de alta qualificação que mais interessam ao Brasil nos próximos anos. Segundo a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) do Governo, seria necessário importar cerca de 6 milhões desses “cérebros” para atender à recente demanda do País.

Não que os sindicatos nacionais gostem da ideia.  Eles temem que trazer mão de obra de fora prejudique a força de trabalho doméstico – que, de acordo com eles, é suficiente em termos numéricos, mas precisa de valorização e melhor qualificação. O presidente da Federação Nacional dos Engenheiros, Murilo Pinheiro, por exemplo, questiona que haja falta de engenheiros locais para atender à demanda. “A demanda por profissionais nessas áreas realmente aumentou, mas não está faltando. Se for preciso trazer um engenheiro de uma matéria que não existe aqui, é de fato interessante, mas não entendo a necessidade de trazer engenheiros civis”, disse. O presidente da Federação Nacional dos Arquitetos, Jeferson Salazar, afirma que apesar da demanda, o setor público não absorve a quantidade de profissionais que chegam ao mercado a cada ano – cerca de 7 mil.

“Não é uma política geral de imigração,
é uma estratégia de atração de cérebros”

“Não é uma política geral de imigração, é uma estratégia de atração de cérebros”, explicou o ministro-chefe interino da SAE, Marcelo Neri, afirmando que a ideia ainda não é uma proposta fechada, mas que a estimativa de demanda reflete o levantamento de uma comissão de especialistas e de pesquisas com as empresas e o público em geral. Segundo Neri, o Brasil é um dos países com a menor proporção de imigrantes na população, o que reflete “um fechamento do país ao fluxo de pessoas”. Os estrangeiros representam hoje 0,2% da população. Com a adição de seis milhões nos próximos anos, este percentual subiria para cerca de 3%.

A medicina, segundo Marcelo Neri, é a área que mais se enquadra na ideia de um apagão de mão de obra, a julgar pelos indicadores de mercado. Entretanto, o presidente da Federação Nacional dos Médicos, Geraldo Ferreira, afirma que o número atual de profissionais no Brasil – cerca de 1,9 médicos para cada mil pessoas – é capaz de atender o mercado nacional, na condição de que sejam criadas melhores estratégias de distribuição de profissionais e planos de carreira no setor público.

Campanhas para atrair médicos estrangeiros para o setor público já existem em diversos Estados brasileiros.

Neri afirma que a nova estratégia “leva em conta a necessidade atual de mão de obra qualificada, mas mantém o cuidado com o trabalhador brasileiro”. “Não é uma abertura de porteira. “Trazer profissionais altamente qualificados cria associações mais fortes, cria mais massa crítica, se aprende muito com outros profissionais”, explicou.”

Com informações da BBC Brasil

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