Pandemia

Bolsonaro negocia Copa América em vez de vacina

Bolsonaro ignorou diversas propostas de vacinas em meio à pandemia e, em questão de horas, acertou com a Conmebol a realização de uma competição esportiva de âmbito continental. “Enquanto o povo cobra movimentos do governo [Bolsonaro] no caminho da vacinação, Bolsonaro dá mais uma demonstração de descaso e insanidade”, disse Humberto Costa
Bolsonaro negocia Copa América em vez de vacina

Foto: Adriano Machado/Reuters

O governo Bolsonaro deu mais uma prova da falta de respeito que o presidente tem pelas vítimas da Covid-19 no país e o desprezo com que o próprio governo trata o tema desde o início da crise sanitária no ano passado.

Após reunião emergencial nesta segunda-feira (31), a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) transferiu para o Brasil a realização da Copa América que, inicialmente, seria realizada na Colômbia e na Argentina.

A Argentina desistiu da realização do evento devido à piora da pandemia no país. O ministro do Interior argentino, Wado de Pedro, disse ontem que organizar o torneio seria inviável, principalmente em Mendoza, Córdoba, Buenos Aires, Tucumán e Santa Fé.

A Argentina tem cerca de 45 milhões de habitantes, e registrou até agora mais de 3,6 milhões de casos, com mais de 76 mil mortes. De acordo com o Consórcio de veículos de imprensa, o Brasil registra 462.092 óbitos desde o início da pandemia e mais de 16 milhões de contaminados.

A Colômbia, que seria a outra sede, já havia desistido da realização do evento devido a protestos populares vividos pelo país nas últimas semanas.

“Enquanto o povo cobra movimentos do governo [Bolsonaro] no caminho da vacinação, Bolsonaro dá mais uma demonstração de descaso e insanidade confirmando a Copa América no Brasil. Os governadores devem se posicionar no sentido contrário. É mais um grande absurdo desse governo”, criticou o presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH), senador Humberto Costa (PT-PE).

Em comunicado nas redes sociais, a Conmebol anunciou a realização da competição no Brasil sem dar detalhes das cidades que receberão jogos e agradeceu nominalmente Bolsonaro e sua equipe por possibilitarem a realização da Copa América em solo brasileiro após a desistência da Argentina. “A prioridade de Bolsonaro é festejar enquanto o povo padece pela Covid-19”, resumiu o líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA).

“Quase um ano para responder a oferta de vacinas da Pfizer e menos de 24 horas para responder a oferta da Conmebol para realizar a Copa América no Brasil. Qual a prioridade deste governo?”, questionou o senador Rogério Carvalho (PT-SE), em referência aos depoimentos coletados pela CPI da Covid de que o governo ignorou, pelo menos, cinco ofertas de vacinas da Pfizer.

Ação no STF
O Partido dos Trabalhadores contestou no Supremo Tribunal Federal (STF) a decisão de Bolsonaro de realizar a Copa América no Brasil. Os advogados do PT encaminharam ao ministro Ricardo Lewandowski um pedido de tutela emergencial contra o evento esportivo, por este contrariar “os esforços engendrados por parte da sociedade brasileira para a contenção da pandemia” de Covid-19 (acesse aqui o documento).

Foi apresentado um adendo à Ação por Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) das Vacinas contra a Covid, da qual Lewandowski é relator. O pedido é para suspender todas as tratativas relacionadas à realização no Brasil da Copa América de Futebol 2021.

Leia mais:

CPI tem provas da negligência de Jair Bolsonaro

Bolsonaro ignorou pelo menos cinco ofertas de vacinas da Pfizer

To top