Investigação

Careca do INSS admite que fraude nasceu no governo Bolsonaro

Apontado como um dos operadores do esquema fraudulento no INSS foi confrontado por Fabiano Contarato

Alessandro Dantas

Careca do INSS admite que fraude nasceu no governo Bolsonaro

Fabiano Contarato demonstrou relação de depoente com fraudes no INSS

Um dos principais suspeitos de fraudes contra aposentados e pensionistas do INSS, o empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, confirmou que seu envolvimento com entidades fantasmas começou no governo Bolsonaro. Ele admitiu ter conhecido Maurício Camisotti em 2021 e, a partir desse contato, passou a trabalhar com associações que tiraram dinheiro dos aposentados. Segundo investigação da Polícia Federal, as entidades controladas por Camisotti faturaram mais de R$ 1 bilhão desde 2021.

Grande parte dos descontos sem autorização ocorreu a partir de 2021. Um exemplo é a Ambec, entidade que firmou acordo de cooperação técnica em agosto daquele ano e arrecadou R$ 500 milhões ainda em 2021. No ano seguinte, em abril, foi a vez da Unaspub, que recebeu R$ 267 milhões; dois meses depois, a AP Brasil, com R$ 137 milhões; a CBPA, em julho, e a Cebap, em dezembro do mesmo ano, faturaram juntas R$ 420 milhões.

O senador Fabiano Contarato (PT-ES) demonstrou a relação de Antônio Carlos Camilo Antunes e empresas apontadas como instrumentos para transferir recursos a envolvidos no esquema.

“Os fatos estão aí: há uma procuração da Ambec outorgando poderes para o senhor [Antônio Antunes] celebrar ACT junto ao INSS, quando a Ambec tinha um rendimento de R$ 135. Os ganhos explodem para R$ 16 milhões, justamente no mesmo ano em que a Prospect, uma das empresas do senhor, recebe R$ 11 milhões”, detalhou o senador.

Contarato também comprovou que o depoente repassou recursos para empresas de Alexandre Guimarães, diretor de Governança, Planejamento e Inovação do INSS, durante o governo Bolsonaro. A investigação da Polícia Federal também aponta que Antônio Antunes enviou R$ 9,329 milhões para pessoas físicas e jurídicas relacionadas a servidores do INSS. “As empresas do senhor realizaram pagamentos de R$7,5 milhões para empresas de Thaisa Hoffmann. O senhor tem conhecimento desse fato? Qual o serviço prestado pelas empresas de Thaisa ao senhor?”, questionou Fabiano Contarato. Thaisa Hoffmann é ex-esposa de Virgílio Oliveira, que foi procurador-geral do INSS em 2020.

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