Não param de surgir provas de que Jair Bolsonaro e seus aliados planejaram um golpe de Estado que resultou no ataque à sede dos Três Poderes em 8 de janeiro. As mais recentes estão em uma matéria publicada nesta quarta-feira (7) pelo jornal O Globo.
A reportagem revela que a Polícia Federal encontrou a minuta de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e o planejamento de um golpe no celular do coronel Mauro Cid, o faz-tudo de Bolsonaro preso por fraudar cartões de vacinação para si próprio e o ex-chefe.
“O documento golpista vai na mesma linha da minuta do golpe encontrada na casa de Anderson Torres, ex-ministro de Bolsonaro. Esses fatos vão ser rigorosamente apurados na CPMI do Golpe. Precisamos responsabilizar todos que atentaram contra a democracia brasileira”, declara Fabiano Contarato (ES), líder do PT no Senado.
A GLO, vale lembrar, é uma operação das Forças Armadas convocada pelo presidente em caso de perturbação da ordem pública. E como se viu após a derrota de Bolsonaro nas eleições, seus apoiadores iniciaram uma série de ações que visavam justamente criar o caos no país.
Para isso, além de acampar em frente a quartéis pedindo intervenção militar, eles bloquearam estradas, tentaram impedir a saída de caminhões de refinarias para provocar desabastecimento de combustível e derrubaram torres de energia. Nessas ações, eram comuns os apelos pela convocação da GLO (leia aqui sobre as narrativas que levaram ao 8 de janeiro).
Agora, sabe-se que um modelo de GLO estava prontinho no celular do ajudante de ordens de Bolsonaro. E mais: além dessa minuta, havia também documentos com o objetivo de dar suporte jurídico a um golpe de Estado.
Como as novas provas foram descobertas
As provas foram encontradas no celular do coronel Mauro Cid depois que ele foi preso na investigação sobre fraudes no cartão de vacinação. Segundo O Globo, Cid depôs na sede da PF em Brasília na terça-feira (6) justamente sobre esse novo conjunto de provas.
O depoimento foi autorizado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, que, no despacho, afirmou que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro “reuniu documentos com o objetivo de obter suporte jurídico e legal para a execução de um golpe de estado”.
Segundo o jornal, Mauro Cid ficou calado durante o depoimento.
Essas não são as primeiras evidências que vêm a público sobre um golpe tramado dentro do Palácio do Planalto no governo Bolsonaro. Também no celular de Cid foram achadas conversas em que o coronel discutia o passo a passo de um golpe com um amigo (Ailton Barros) e dois assessores (Mauro Cid e Élcio Franco) de Bolsonaro.