Coalizão – Por Marta Suplicy

Em sua última coluna aqui neste espaço ("Emenda 29", "Opinião", 12/12), o senador Aécio Neves avaliou o saldo do primeiro ano da atual legislatura como "negativo". Com todo respeito ao meu colega, discordo totalmente de sua afirmação sobre as "inúmeras agendas frustradas".

Muitos projetos importantes e inúmeras medidas provisórias, necessárias para dar base legal a iniciativas do governo, foram aprovados.

 

A maioria deles é desconhecida pela grande massa, que só perceberá os benefícios quando eles chegarem ao seu cotidiano. Mas o povo mantém a confiança, uma vez que o governo Dilma apresenta os índices mais altos que um presidente já teve em um primeiro mandato. E não é fácil substituir Lula, melhorar os programas que tinham promessa de continuidade e começar a ter um estilo próprio de governar.

Em termos de articulação política, o primeiro ano de governo é sempre decisivo para consolidar e afinar as alianças e encaminhar os compromissos de campanha que, em certa medida, definem seu caráter e destino.

O primeiro grande desafio da presidenta foi a votação do reajuste do salário mínimo. Fruto de intensa articulação política, acompanhada pessoalmente pela presidenta, a vitória na votação mostrou a força da base de apoio ao atual governo e assegurou que os salários dos trabalhadores terão ganhos reais sobre a inflação. E que serão compatíveis com a capacidade financeira do país.

Na votação do Código Florestal na Câmara dos Deputados, todos os partidos da base aliada tiveram dissidentes, o que levou Dilma ao primeiro revés naquela Casa. O desfecho foi revertido no Senado. Depois de quase seis meses de negociação, aprovamos, por 59 votos a sete, um texto que buscou o equilíbrio entre as necessidades do setor produtivo e as necessidades de preservação ambiental.

Tive o privilégio de relatar o projeto de lei que cria o Pronatec, outro gol de Dilma. O programa, de R$ 6,75 bilhões, dará acesso a cursos de qualificação profissional a 8 milhões de pessoas até 2014.

Aprovamos a regulamentação da Emenda 29, definindo o que são gastos com saúde e quanto cada um dos entes federativos deve investir. Com a aprovação da Desvinculação das Receitas da União, na próxima semana, a presidenta terá espaço para manobrar o Orçamento para implementar prioridades e enfrentar a crise que será brava ainda.

Precisa mais? Precisa. Nosso governo tem enorme e heterogênea base e enfrenta sérios problemas ministeriais. Enquanto os projetos de inclusão social forem implementados e o povo sentir firmeza na condução de Dilma diante da economia e dos malfeitos, não vejo como a boa avaliação irá mudar. A pesquisa publicada ontem confirma isso.

Marta Suplicy escreve aos sábados na Folha de S.Paulo

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