insegurança alimentar

Combate à Fome reúne movimentos sociais, partidos e lideranças

No país que registra quase 20 milhões de pessoas passando fome, a quinta-feira foi marcada por mobilização nas redes com a hashtag #ContraAFomeForaBolsonaro e ações de solidariedade e protesto, que seguem até o Dia Mundial da Alimentação, 16 de outubro. Partido dos Trabalhadores promove debate nesta sexta (15) e campanha de doação de alimentos no sábado (16)
Combate à Fome reúne movimentos sociais, partidos e lideranças

Foto: Ricardo Stuckert/site do PT

Para marcar o Dia Internacional de Ação pela Soberania Alimentar dos Povos e o Dia Mundial da Alimentação (16 de outubro), movimentos sociais, partidos políticos, lideranças e parlamentares promovem desde esta quinta-feira (14) mobilização nacional para chamar a atenção para a tragédia da fome, que voltou a atingir o Brasil. Enquanto o movimento #ContraAFomeForaBolsonaro dominou as redes sociais, ações de protesto e solidariedade invadiram as ruas do país.

Foram várias as postagens citando os resultados assustadores de levantamento da Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional): do total de 211,7 milhões de brasileiros, 116,8 milhões convivem com algum grau de Insegurança Alimentar e, destes, 43,4 milhões? não têm alimentos em quantidade suficiente e 19 milhões enfrentam a fome.

A situação fica ainda mais dramática levando-se em conta que a pesquisa foi realizada em dezembro de 2020, sem contar, portanto, com o avanço da inflação registrado em 2021, com disparada de preços de alimentos, energia e combustíveis. Foram entrevistados moradores de 1.662 domicílios urbanos e 518 rurais.

Segundo matéria da Folha de S.Paulo, dados do IBGE mostram que a insegurança alimentar caía no Brasil desde 2004, mas voltou a subir a partir de 2014. Desde então, a inflação acumulada foi de 47,5% e o valor do dólar mais do que dobrou. Além disso, o total de favelas dobrou entre 2010 e 2019: passou de 6.329 em 323 municípios para 13.151 em 734 cidades.

 

Foto: Alessandro Dantas

O senador Paulo Rocha (PA), líder do PT no Senado, apontou o responsável pela crise de insegurança alimentar. “A razão da fome é responsabilidade do governo Bolsonaro, cruel e incompetente. Quase 20 milhões de brasileiros declaram passar 24 horas ou mais sem ter o que comer em alguns dias. No Dia das Crianças, 12 de outubro, milhares delas passam pela dura realidade de não ser atendidas nas suas necessidades básicas para viver no Brasil, que é um grande produtor e exportador de comida”, lamentou.

Para o senador Paulo Paim (PT-RS), que também mencionou o estudo, a solução para a crise alimentar passa pelo aumento da renda da população mais pobre e vulnerável. “O governo precisa restabelecer a Política de Valorização do Salário Mínimo (Inflação + PIB). Isso vai gerar mais emprego, dinheiro no bolso, comida no prato, prefeituras tendo maior arrecadação, economia rodando. Com o salário mínimo valorizado, se combate a pobreza e a miséria”, defendeu.

Foto: Ricardo Stuckert

Em entrevista nesta quinta à Rádio Grande FM (MS), o ex-presidente Lula citou dados do levantamento da Rede Penssan ao se indignar com a volta da miséria. “A gente tinha acabado com a fome, mas agora ela voltou, com 20 milhões passando fome de verdade e 116 milhões que não comem as calorias e proteínas necessárias. Isso no país que é o maior produtor de proteína animal do planeta Terra! O Mato Grosso tem 3,5 milhões de habitantes e 30,5 milhões de cabeças de gado, e uma mulher foi pega na porta do açougue pegando osso. Alguma coisa está errada!”, afirmou.

Debate nesta sexta

Paulo Rocha, Lula e outras lideranças do Partido dos Trabalhadores voltam a debater o assunto nesta sexta-feira (15) com movimentos populares do campo, da floresta e das águas, responsáveis pela produção da comida de verdade que chega à casa dos brasileiros. O encontro acontecerá em São Paulo, entre 10h e 12h30, será transmitido ao vivo pela internet, nas redes do partido, e contará com interação popular.

Foto: Site do PT

No sábado (16), será realizada uma nova etapa do PT Solidário, mobilização nacional do partido destinada a arrecadar e distribuir alimentos em todo o país (saiba mais aqui).

Outras iniciativas

A quinta-feira registrou também ações de solidariedade e protesto. Pela manhã, os movimentos que integram a Via Campesina fizeram uma doação de 10 toneladas de alimentos produzidos em assentamentos e acampamentos da reforma agrária para 19 Bancos Populares de Alimentos da Região Metropolitana do Recife (PE).

A iniciativa integra a “Jornada Nacional da Soberania Alimentar”, que registrou atividades simultâneas em Brasília (DF), Recife (PE), Vitória (ES), Porto Velho (RO) e Florianópolis (SC).

Na capital federal, cerca de 200 camponeses e camponesas ocuparam a sede da Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtores de Soja) para denunciar o protagonismo que o agronegócio cumpre no crescimento da fome, da miséria e no aumento do preço dos alimentos no país.

(Com informações da Agência PT de Notícias e Folha de S.Paulo)

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