Grupos negacionistas que disseminaram um conjunto de informações falsas durante a pandemia e promoveram medicamentos e tratamentos ineficazes contra a Covid-19 começam a pagar pelos crimes cometidos. A Justiça Federal do Rio Grande do Sul condenou grupos de defensores do “tratamento precoce” a pagar indenizações no valor R$ 55 milhões por danos morais coletivos e à saúde. A decisão foi divulgada pelo Ministério Público Federal (MPF) nessa quinta-feira (25/5).
“É o início de um processo de reparação ao terror que ocorreu no governo Bolsonaro. Entre os 700 mil mortos pela doença no país, estão as vítimas da desinformação. Milhares de pessoas foram induzidas ao erro e acabaram morrendo por minimizar a pandemia e acreditar em cura milagrosa”, disse o senador Humberto Costa (PT-PE), ex-ministro da Saúde e integrante da CPI da Covid.
Foram condenados em duas ações a Associação Dignidade Médica de Pernambuco (Médicos Pela Vida) e as empresas Vitamedic Indústria Farmacêutica, Centro Educacional Alves Faria (Unialfa) e Grupo José Alves (GJA Participações).
Os condenados divulgaram material publicitário que estimulava o consumo de medicamentos para o tratamento ineficaz contra a Covid-19. A publicidade foi intitulada “Manifesto PA conela Vida” e assinada por um grupo chamado “Médicos do Tratamento Precoce Brasil”.
Apenas o começo
De acordo com o senador Rogério Carvalho (PT-SE), a condenação representa apenas o começo das punições por todos os crimes cometidos durante a pandemia.
“Isso é só o início, porque R$ 55 milhões não pagam pelas mais de 400 mil vidas perdidas que estudos mostram poderiam ter sido evitadas. Essas pessoas são responsáveis por estimular a população a um erro que causou dor e destruição, e, também, são responsáveis por desestimular brasileiros e brasileiras a não se vacinarem”, afirma.
Rogério Carvalho ainda lembra o fato de os negacionistas terem transformado a capital do Amazonas, Manaus, num “campo de experimentação” ao promover testes com medicamentos sabidamente ineficazes.
“R$ 55 milhões de indenização é só o começo. Muito mais precisa ser feito para que os responsáveis pelas mortes causadas pelo desgoverno de Bolsonaro na pandemia sejam responsabilizados por todo mal que causaram aos brasileiros e brasileiras”, finaliza o senador Rogério, outro integrante da então CPI da Covid.