Na falta de jantares, churrascos e notícias realmente boas, o governo golpista comemorou a ridícula geração de 35.612 postos de trabalho formais em fevereiro, aferidos pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho.
Ora comemorar isso, é como comemorar o gol do Brasil na derrota de 7×1 contra a Alemanha.
A População em Idade Ativa (PIA) no Brasil cresce a uma taxa anual aproximada de 1,5%, de acordo com o IBGE. Isso significa que ela aumenta em cerca de 2,5 milhões de pessoas todos os anos. Como a taxa de participação no mercado de trabalho, que conforma a População Economicamente Ativa-PEA (aquela que trabalha, quer ou precisa trabalhar) está em torno de 65%, isso significa que, neste ano, cerca de 1,6 milhão de pessoas tentarão ingressar no mercado de trabalho no Brasil.
Ou seja, apenas para cobrir, com empregos formais, a entrada de novas pessoas no mercado de trabalho neste ano, a economia brasileira precisaria gerar ao redor de 1,6 milhões de postos de trabalho. Isso sem falar nos quase 13 milhões de desempregados que já existem.
Supondo que nos próximo meses o país gere cerca de 35 mil vagas ao mês, como em fevereiro, o que é duvidoso, teremos apenas 385 mil postos de trabalho gerados até dezembro.
Não faria cócegas no gigantesco desemprego. Observe-se que, em situação de recessão e queda nos rendimentos, a pressão sobre o mercado de trabalho tende aumentar.
Acrescente-se que essa minúscula geração de empregos segue a uma destruição de 1,32 milhão de empregos formais, no ano passado. Nos governos do PT, que geraram cerca de 23 milhões de empregos formais (aferidos pela RAIS, outra fonte de informação), chegou-se a comemorar a geração de 2,55 milhões de empregos em apenas um ano, 2010.
Fonte: Caged
Mas, além de insuficiente, em quantidade, essa geração revela também uma insuficiência de qualidade.
Com efeito, a geração desses empregos concentrou-se nos Serviços (+ 50 mil empregos, o que compensou a destruição de empregos em outros setores, como Construção Civil e Comércio) e em microempresas. Observou-se, sobretudo, a criação de novas microempresas.
Fonte: MtB
Isso está sinalizando que a minúscula geração está ocorrendo em atividades de baixa produtividade, associadas a um fenômeno denominado de “empreendorismo de necessidade”. Isto é, pessoas desempregadas estão se tornando ou formando microempresas para tentar fugir da pobreza.
Aliás, esse deverá ser o padrão da geração de empregos daqui para a frente, com o baixo dinamismo da economia e a legalização da “precarização” do mercado de trabalho imposto pela terceirização criminosa do golpe.
Perde-se o emprego relativamente estável e de qualidade e gera-se um número menor de empregos temporários e precários, associados à chamada “pejotização” da força de trabalho.
Perde-se em massa salarial, consumo e direitos, e ganha-se em desigualdade e precariedade.
Esse padrão de crescimento reduzido com qualidade precária do emprego terá consequências severas sobre a atividade econômica, sobre a arrecadação previdenciária, sobre a arrecadação fiscal, impondo novos cortes orçamentários, num ciclo perverso.
O dano maior, contudo, será na vida das pessoas, que terão menos direitos e mais pobreza e instabilidade em suas vidas profissionais.
Teremos, inevitavelmente, um Brasil mais pobre, mais desigual, mais injusto e mais triste.
Perderemos de 7×1.