Comenda Dom Hélder Câmara: um prêmio para pescadores de almas

Comenda Dom Hélder Câmara: um prêmio para pescadores de almas

 Giselle Chassot

06 de dezembro/ 14:52

 

Foto: Alessandro DantasO reconhecimento para quem luta e milita pelos direitos humanos sob a forma de uma medalha. Isso é o que representa a Comenda Dom Hélder Câmara, entregue nesta terça-feira (6) a cinco personalidades reconhecidas por sua vida de luta por quem precisa. Na sétima edição da entrega da medalha, a Comissão de Direitos Humanos destacou uma sobrevivente de um ataque sexista brutal, uma mãe de família que transformou-se em advogada incansável na luta pela democracia e contra a ditadura militar, um advogado que atuou na defesa de perseguidos políticos, uma cidadã comum que se dispôs a ajudar jovens da periferia e um padre que transformou pessoas excluídas da sociedade e que viviam à margem da dignidade em trabalhadores de reciclagem.

Cristina Lopes Afonso transformou uma agressão sofrida quando muito jovem em um projeto social e político em favor das vítimas de queimaduras no Brasil. Ela é sócio-fundadora da Sociedade Brasileira de Queimaduras e Vereadora do Município de Goiânia.

Eunice Paiva entrou para a história do Brasil quando seu marido, o então deputado Rubens Paiva foi preso e morto pela truculência da ditadura.  Ela jamais se conformou com o desaparecimento não-desvendado do marido e formou-se advogada para atuar em defesa da democracia e dos direitos de quem pensa que não os têm.  Ela atuou primeiro em defesa da democracia e dos direitos civis de desaparecidos e suas famílias. Depois, passou a atuar em defesa da causa dos povos indígenas e quilombolas defendendo essas comunidades contra a exploração e a expropriação.

O advogado Omar Ferri atuou de peito aberto contra a ditadura, pela liberdade de imprensa e contra o expansionismo das ditaduras pela América Latina – que tomou a forma de Operação Condor. Ferri liderou um grupo que foi ao Uruguai em busca dos militantes Universindo Díaz e Lilian Celiberti.

Luciana Leandlina de Araújo é conhecida em Pelotas e no Rio Grande do Sul inteiro como Mãe Preta. Superando a pobreza, a exclusão e as próprias dificuldades, fundou o Instituto São Benedito, que  há  115 anos atende crianças e adolescentes da periferia.

Entregar o maior reconhecimento de direitos humanos para o padre Airton Freire de Lima foi ideia do líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE). O religioso dedica sua vida à inserção na sociedade de pessoas que convivem com todo o tipo de miséria. Acreditando que a verdadeira Igreja é feita para o povo, padre Airton instalou-se em Arcoverde, Pernambuco, em um depósito de lixo a céu aberto, na chamada Rua do Lixo. Ali ,criou a Fundação Terra, onde desenvolve projetos de assistência social, inserção produtiva, educação, cultura, saúde.

“São histórias inspiradoras, renovadoras, construtoras de fé e de vida”, disse o presidente da Comissão de Direitos Humanos, Paulo Paim (PT-RS). Ele explicou que a homenagem também é uma forma de reconhecer o trabalho de todos os militantes da área de direitos humanos do mundo. E acrescentou que, no momento em que o mundo se torna cada vez mais individualista,  o trabalho de pessoas que se preocupam em assegurar dignidade a quem não tem nada torna-se ainda mais importante.

O senador pediu uma salva de palmas aos mortos no recente acidente aéreo que vitimou o time da Chapecoense. “Eles morreram porque não havia gasolina suficiente no avião e eu lembro também da boate Kiss, que foi um massacre”, lastimou. O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), há três anos, vitimou 252 jovens.

 

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