em busca de soluções

Comissão debaterá impactos da dependência de fertilizantes

Audiência proposta pelo senador Jaques Wagner (PT-BA) busca soluções para a dependência do Brasil de fertilizantes importados, provocada pelo desmonte da Petrobras desde 2018 e agravada pela guerra entre Rússia e Ucrânia
Comissão debaterá impactos da dependência de fertilizantes

Foto: Alessandro Dantas

Por iniciativa do senador Jaques Wagner (PT-BA), a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) realizará audiência pública para debater os impactos econômicos da dependência do Brasil da importação de fertilizantes e possíveis soluções. O requerimento para realização da audiência foi aprovado pelo colegiado nesta quarta-feira (27).

De acordo com o senador, o conflito entre Rússia e Ucrânia evidenciou a dependência do Brasil da importação de fertilizantes. O Brasil é o quarto maior produtor de grãos e o segundo maior exportador do mundo. Tal produção, segundo Jaques Wagner, requer larga utilização de fertilizantes e, no entanto, hoje, 85% desses produtos são importados, tendo sido a Rússia, em 2021, responsável pela maior parcela de importações, 23%, seguido pela China com 14 % e Belarus com 3,4%.

De acordo com a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), o Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes, atrás da China, da Índia e dos Estados Unidos, mas é o maior importador mundial desses insumos.

Os dados também mostram a ausência de planejamento do atual governo no setor. Desde março de 2018, a Petrobras tem saído do setor dos fertilizantes nitrogenados. A Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Petrobras no Paraná (Fafen-PR), em Araucária, está fechada desde março de 2020. Ela era responsável pela produção, no mercado brasileiro, de 30% de ureia e amônia e 65% do Agente Redutor Líquido Automotivo (Arla 32 – aditivo para veículos de grande porte que atua na redução de emissões atmosféricas).

Já a Fafen da Bahia, cujos principais produtos são amônia, ureia, gás carbônico e Arla, foi hibernada em 2018 e arrendada à Proquigel, subsidiária da Unigel, em 2020. O mesmo ocorreu com a Fafen de Sergipe, produtora de ureia fertilizante, ureia industrial, amônia, gás carbônico e sulfato de amônio (também usado como fertilizante).

No último dia 4 de fevereiro, o grupo russo Acron comprou a fábrica de fertilizantes da Petrobras em Três Lagoas (MS), que está com mais de 80% das obras concluídas. Quando começar a operar, terá capacidade de produzir 3.600 toneladas de ureia e 2.200 de amônia por dia.

A saída da Petrobras do setor ampliou a dependência externa de fertilizantes nitrogenados. Em 2021, houve aumento de 90% nos valores importados de adubos e fertilizantes químicos em relação a 2020, atingindo a cifra de US$ 15,2 bilhões, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

“Nas circunstâncias atuais, a dependência das importações de fertilizantes, especialmente da Rússia, terá forte impacto sobre a economia brasileira, em especial sobre a agricultura, podendo afetar a soberania e a segurança alimentar do Brasil”, disse o senador Jaques Wagner.

Serão convidados representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do Ministério da Economia, do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), da Federação Única dos Petroleiros (FUP), o especialista do setor de óleo e gás Paulo César Ribeiro Lima e o representante do Sindicato da Indústria do Açúcar e Álcool, Manuel Carnaúba.

A audiência ainda não tem data marcada.

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