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Comparação desonesta – artigo do senador Jaques Wagner

"Diante da incapacidade em concretizarem a tão falada terceira via, parte da sociedade, setores políticos, empresariado e mídia insistem em criar uma equivalência entre o ex-presidente Lula e o atual presidente", critica o senador
Comparação desonesta – artigo do senador Jaques Wagner

Foto: Alessandro Dantas

O fosso em que o Brasil se encontra parece não ter fim. Com um governo fraco e um presidente cada vez mais acuado, o Congresso tenta avançar numa agenda de retrocessos. A forma açodada com que tentam mudar a legislação eleitoral, reformada há quatro anos e que não foi testada numa eleição nacional, é um bom exemplo. Para além desta iniciativa, que trabalharei contra no Senado, outro assunto chama atenção. Diante da incapacidade em concretizarem a tão falada terceira via, parte da sociedade, setores políticos, empresariado e mídia insistem em criar uma equivalência entre o ex-presidente Lula e o atual presidente.

Uma comparação desonesta intelectualmente. Não há paralelo possível entre os personagens. Tampouco, entre suas experiências. Em toda sua vida sindical e política, Lula é reconhecido pela sua capacidade de conciliação e diálogo. Como presidente, foi um verdadeiro estadista, responsável por uma revolução social e de autoestima no Brasil, além de liderar uma cruzada mundial contra a fome. Sempre respeitou o jogo democrático e as instituições, mesmo diante de decisões injustas.

Lula foi o maestro de um período de ouro da nossa economia, com crescimento em todos os setores, que surfaram num momento em que a imagem do Brasil era altamente positiva e a partir de políticas de incentivo fiscal, cresceram e geraram empregos. O cenário caótico de hoje dispensa comentários. Falar do passado recente, no entanto, é necessário para ajudar muitos empresários a se recuperarem da amnésia ou refletirem sobre hipocrisia.

Que saiam da plateia e decidam dar as caras diante do atual contexto. Se não estão satisfeitos com as opções colocadas, que apresentem ou invistam na formação de um candidato para 2022. Só não fiquem nessa posição patética de equiparar pessoas e projetos sem qualquer semelhança. Isso é debochar da inteligência dos brasileiros. Desconfio que seja uma tática para acabar justificando um novo apoio ao atual governo, responsável pela destruição do país.

Seguimos com a democracia e dispostos a trabalhar pelo presente e pelo futuro do Brasil, respeitando a Constituição e com a missão de fazer mais por quem mais precisa. Por sinal, com nosso líder maior visitando o Nordeste, conversando com nossa gente e trazendo de volta a esperança. É assim que seguiremos.

Artigo originalmente publicado no jornal O Povo

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